A realidade dos dias de hoje tem tanto de desafiante como de imprevisível.
Paulo Ramalho
Vereador Competitividade Económica, Relações Internac. e Turismo CM Maia
A realidade dos dias de hoje tem tanto de desafiante como de imprevisível. Quase tudo acontece a velocidade elevada, sem muito tempo para refletir e desfrutar. O tempo destinado à novidade e ao sucesso é bem mais curto. Da mesma forma, que o imprevisto está cada vez mais “ali, ao virar da esquina”. São tempos de grande volatilidade, de mudança.
Os próprios ciclos económicos, associados a uma certa incerteza, são cada vez mais curtos e voláteis, mesmo dentro de espaços como o da União Europeia. Veja-se o que se passa com a inflação e com as taxas de juro nos últimos meses, e as consequências que estão a provocar.
Vivemos na época da revolução digital, da afirmação do algoritmo, e da informação em tempo real. Mas também do território global e da normalização da interdependência. Tudo parece mais próximo e à distância de um clique.
O que não significa que mais informação seja sempre sinónimo de mais conhecimento ou de melhor conhecimento. Aliás, distinguir o verdadeiro do falso e o que interessa do que não tem interesse, é também frequentemente um desafio.
Planear é cada vez mais uma tarefa difícil, mas essencial. Da mesma forma que inovar, procurar novas soluções, faz frequentemente a diferença. Não é por acaso que as empresas que mais se destacam nos mercados são aquelas que mais investem em investigação e desenvolvimento.
Sendo que por vezes temos a sensação de que estamos a viver uma realidade que já observamos algures no passado, num qualquer filme de ficção científica, produzido por um profeta dos tempos modernos.
Há 30 anos, os telemóveis não eram mais do que simples telefones móveis, que apenas alguns utilizavam. Hoje, os telemóveis são pequenos computadores, com câmaras fotográficas de alta-definição incorporadas, que nos acompanham a toda a hora, como se fossem algo de absolutamente indispensáveis no “dia a dia” da nossa vida.
E não tenhamos dúvidas, que não passarão muitos anos, até que a inteligência artificial e a robótica acrescentem novas e profundas alterações ao nosso modo de vida e no nosso ecossistema…
Mas também não deixa de ser verdade, que de um momento para o outro, também somos surpreendidos com realidades que julgávamos do passado. Se uma guerra na Europa era algo que nesta altura nos parecia de escassa probabilidade, uma guerra com as características daquela que estamos a assistir hoje no território ucraniano, com soldados escondidos em trincheiras e carros de combate a avançarem pela conquista de território, era algo que só admitíamos assistir no “Canal História”. Eram coisas da primeira e da segunda guerra mundial.
A indústria europeia de armamento voltou a receber “incentivos” e investimentos. A necessidade de aumentar a produção de munições para abastecer a Ucrânia assim está a obrigar.
Ainda recentemente, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, admitiu que 11 dos 31 Estados Aliados possivelmente iriam alcançar ou ultrapassar a meta dos 2% do PIB em despesa militar.
O Diário de Notícias, não há muitos meses, noticiava que o Japão e a Alemanha, em resposta à China e à Federação Russa, estavam a “reverter décadas de políticas de secundarização das forças de segurança e de defesa, motivadas pelo expansionismo que desembocou na Segunda Guerra”.
Um outro desafio destes dias, prende-se com o próprio futuro da humanidade, com a necessidade de combater as alterações climáticas, que estão a provocar períodos de seca, incêndios florestais, mas também inundações, e cuja principal causa assenta na emissão de gases de efeito estufa, responsáveis, por sua vez, pelo aumento da temperatura média do nosso planeta. A década de 2011 a 2020 foi a mais quente alguma vez registada, tendo a temperatura média mundial atingido em 2019, 1,1º C acima dos níveis pré-industriais.
Para tal, são precisas medidas que visem reduzir, e até eliminar, a utilização de combustíveis fosseis, como o carvão, o petróleo e o gás.
Em dezembro de 2019, a União Europeia lançou um conjunto de medidas, que concretizam o denominado “Pacto Ecológico Europeu”, que visam atingir a neutralidade climática nos seus Estados-membros até 2050.
Entretanto, no passado dia 13 de dezembro de 2023, no âmbito da Cimeira das Nações Unidas (COP 28), realizada no Dubai, foi alcançado um acordo para acelerar, em todo o território mundial, a redução de emissão de gases de efeito estufa e garantir zero emissões líquidas até 2050. Foi também alcançado um acordo de transição para o abandono dos combustíveis fósseis e uma redução de 43% das emissões mundiais até 2030. Os principais líderes mundiais comprometeram-se ainda a triplicar a capacidade instalada de energias renováveis e a duplicar a taxa de melhoria da eficiência.
A revolução digital e a transição energética são, assim, processos em curso, verdadeiros desafios dos nossos e dos próximos tempos, que vão seguramente gerar grandes mudanças, mas também oferecer novas oportunidades.
Edição 2023
© 2024 several.pt