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As empresas e os empresários continuam, ao contrário do que muita gente pensa, a construir o Portugal que hoje todos elogiam. Tal deve-se a

Artur Bacelar

Director de Informação do Jornal Maiahoje

O pequeno empresário

As empresas e os empresários continuam, ao contrário do que muita gente pensa, a construir o Portugal que hoje todos elogiam. Tal deve-se a um esforço enorme dos mesmos, que, esquecidos pelos sucessivos governos, continuam fortemente penalizados.

O pequeno empresário, mais frágil em situações de emergência e crise, é o primeiro a “cair”, asfixiado por tudo o que é imposto e transformado em criminoso se não cumprir. Chantageado pelo Estado, quando já não aguenta mais, é obrigado a fazer “das tripas coração” de forma a tentar manter a empresa, os empregos que constituiu e levar até ao impossível o limite de financiamento. Uma vida de trabalho, muitas vezes no limite entre a pobreza e o desenrascado, marca toda uma classe que, em caso de desastre financeiro, pode transformar famílias em sem-abrigo numa qualquer rua deste país. Uma história bem diferente da dos seus funcionários que estão protegidos pelo Estado e nada arriscaram.

Esta é a medalha que o Estado dá a quem apostou toda uma vida na construção deste Portugal e em criar riqueza na economia.

Discute-se e impõem-se em Concertação Social, aumentos de salários muitas vezes incomportáveis. Quando as vendas baixam e há necessidade de reduzir a custos, despedir um funcionário transforma-se numa impossibilidade dado o custo das indeminizações ao trabalhador. A réstia de esperança morre na burocracia e falta de apoio. O fecho de portas de uma empresa que seria viável com menos recursos humanos, transforma-se numa inevitabilidade que trama o empresário a quem o Estado nada perdoa.

No entanto, neste país de contrastes, onde há cidadãos de primeira e de segunda, os partidos políticos aparecem como uma superclasse à parte que entende que as suas actividades não são merecedoras de serem taxadas em sede de IVA, não devem ser controladas e auditadas por qualquer instituição, podendo com toda a promiscuidade entre quem legisla e financia, obter créditos e financiamentos ilimitados.
Já não há vergonha. A nova Lei de financiamento dos partidos, não tem pai nem mãe, ninguém quer dizer quem foram os deputados que a levaram à votação, e entre a quadra natalícia, lá passou despercebida na casa de todos os portugueses. Já não lhes chega os cerca de três euros de subvenção que vale cada voto.

A culpa é do cidadão que ainda acredita nos políticos deste país e liga mais ao escândalo de uma história de uns bolos reis no caixote do lixo do que aos milhões que se tramaram nas suas costas.

Continuamos a ser mais a Cigarra e menos a Formiga. Ao futuro ninguém liga. Estamos cegos com algum crescimento da economia e não nos apercebemos que cada vez mais o Estado não paga o que deve, ou paga tardiamente. São feitos concursos para incentivos e apoios que são depois anulados por falta de verba que, entretanto, desapareceu ninguém sabe muito bem para onde.

Não há magia nem neste governo, nem noutro. O cobertor é o mesmo, se tapar o peito fica com os pés de fora e vice-versa. Os lóbis, ditam as regras do que é importante e toda a gente assiste a manifestações cuidadosamente organizadas na chantagem como se não mexessem no seu bolso.

Aqueles que decidiram que o seu futuro seria criar riqueza no país, tentar levar uma vida melhor e criar emprego, sabem bem o que é começar o mês ao contrário, ou seja, começar o mês com dívidas que esperam liquidar, se a sorte lhes sorrir, até ao final do mesmo. Para estes não há feriados ou pontes, há menos dias para liquidar a factura mensal.

Maltratados, o seu novo objectivo passa por ter um emprego certo, criado preferentemente pelo Estado, que os guie até uma das reformas mais ou menos milionárias.

Não sei se vem aí o Diabo, mas há maldades que não lembraria ao próprio e nós, de pipoca na mão, lá assistimos impávidos e serenos ao desenrolar desta novela de mau gosto.

Edição 2017