Como será? Seguramente diferente do mundo que conhecemos hoje, e muito diferente do que conhecíamos ontem.
Carlos Mendes
Presidente da Associação Empresarial da Maia
Como será? Seguramente diferente do mundo que conhecemos hoje, e muito diferente do que conhecíamos ontem.
A população mundial cresce numas regiões e envelhece noutras, trazendo o aumento de necessidades básicas ao nível de infraestruturas básicas, alimentação, energia, educação ou saúde.
A sociedade transforma-se, mais informada e mais exigente do que nunca. Mas também mais heterogénea, pluricultural, multiétnica, fragmentada.
O clima muda e os fenómenos climáticos extremos são cada vez mais frequentes e intensos, resultado de excessos que todos dizem querer combater, mas que poucos assumem.
O mundo encolhe, aproximando pessoas que migram, umas por vontade, outras por necessidade, e dispersando empresas que se deslocalizam, gerando um tráfego nunca visto de pessoas e mercadorias.
A inflação e as taxas de juro, o preço do petróleo e as matérias-primas, o crescimento ou a recessão de uns, tem impactos nos outros todos. Tudo depende de todos, em simultâneo e em permanência.
A globalização arrasta, a cada dia que passa, a economia para um caminho onde só é possível seguir em frente, ser melhor, ser mais rápido, ser inovador.
Produtos sem fim, e uma infinidade de serviços, privados e alguns públicos, contas bancárias e até cartão de cidadão estão dentro de um qualquer smartphone, acessíveis através de milhões de apps ou em plataformas eletrónicas.
No trabalho, as reuniões acontecem via plataformas de comunicação empresarial, ligando pessoas, independentemente de onde se encontram e a formação faz-se à distância num canal de uma rede social. O teletrabalho é a realidade de muitas empresas e a conciliação entre trabalho e família é agora a prioridade dos trabalhadores.
Neste ecossistema global, fervilham dados e mais dados que, depois de recolhidos, selecionados e processados em supercomputadores resultam em informação valiosíssima, geradora até de uma nova forma de Inteligência, a Artificial que tem demonstrando capacidades impressionantes em realizar tarefas especializadas, com precisão e eficiência crescente e cuja utilização levanta novas questões de privacidade, transparência e segurança, mas seguramente abre portas para um novo e irreversível salto tecnológico.
Vivemos tempos de mudança acelerada, de incerteza e de instabilidade.
Aos governos centrais e locais, compete tomar as providências necessárias à promoção do desenvolvimento económico-social e à satisfação das necessidades coletivas, destacando-se nos dias que correm, e no que às empresas diz respeito, criar as melhores condições de confiança e de previsibilidade na economia, libertando-as da asfixia fiscal e do emaranhado legal, estimulando muito as existentes e promovendo sempre a criação de novas.
Às empresas competirá a função que sempre tiveram, e mais algumas. A de criarem riqueza, gerar emprego e produzir conhecimento. Mas fazê-lo com sustentabilidade, e cada vez mais com o enquadramento regulatório ESG (Enviromental, Social, Governance), priorizando a proteção do ambiente, defendendo um planeta saudável e capaz de gerar os recursos necessários para que a geração atual e futuras, possam viver com qualidade; a necessidade de se colocar a dignidade, o bem-estar e o desenvolvimento das pessoas no centro das estratégias; e a introdução de modelos organizacionais, com normas, processos e estruturas que possam garantir que estas atuam de forma ética, transparente e responsável.
São tantas as urgências do presente, que falamos pouco sobre o amanhã, e menos sobre o dia depois de amanhã.
Mas ignorar as mudanças será uma sentença, pelo que acompanhá-las é uma necessidade elementar. Mas o grande desafio das empresas será preparar e antecipar a mudança, na certeza e que está a acontecer e vai continuar a acontecer.
Edição 2023
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