Afirmam os novos pensadores que, agora, as organizações só sobrevivem se alinharem a estratégia de acordo com os stakeholders. De facto, o tempo do
Inácio Fialho Almeida
Administrador do TECMAIA
Afirmam os novos pensadores que, agora, as organizações só sobrevivem se alinharem a estratégia de acordo com os stakeholders. De facto, o tempo do egoísmo na gestão empresarial parece estar cada vez mais a prazo e para isto muito contribuíram os avanços, em todos os quadrantes, das sociedades livres. A explosão, e consequente democratização, do acesso à informação mostra-nos que este é o tempo das pessoas interessadas, das mensagens que provocam a reflexão e das atitudes que constroem um caminho para a sustentabilidade. Serve isto a propósito para lembrar que, já no próximo ano, o TECMAIA comemorará os seus vinte anos de ecossistema promotor da inovação e da excelência na relação justa entre empresas e pessoas. O Parque de Ciência e Tecnologia da Maia, que nasceu de um visionário e foi sendo moldado pelos que o sucederam no arrojo e no compromisso, é ele próprio uma incubadora do referido modelo de valores que tornam o mundo o lugar que desejamos e, sobretudo, necessitamos. Nestes cem mil metros quadrados, no coração de uma das zonas industriais mais exportadoras do país, encontramos harmonia na capacidade técnica, que carrega méritos na evolução tecnológica, com espaços que promovem o bem-estar e outros que agitam consciências.
É exemplo disso, e já com duas edições, sendo a última totalmente digital por força da ameaça pandémica que globalmente enfrentamos, o Fórum TECMAIA, uma iniciativa criada de raiz, que tem assumido o papel de think tank e declaração de interesses de um território que se estende muito para lá da bonita Terra da Maia – isto, assumindo a premissa de que o território existe para as pessoas e que os meses recentes nos têm mostrado o quanto ele precisa de ser corretamente pensado, executado e usufruído. A ideia transversal das dez conversas do Fórum TECMAIA 2020, onde se somam dez horas de ideias e previsões, é que o Futuro já chegou e não o vamos conseguir evitar na sua avassaladora dimensão tecnológica. Antes devemos, e creio que conseguiremos, torná-lo cada vez mais aliado na melhoria da qualidade das nossas vidas mesmo com o grande elefante que paira no meio da sala: vai este futuro, que, recordo, já chegou, destruir emprego ou criar outro mais qualificado e aliviar a nossa necessidade de cumprir tarefas rotineiras? A opinião, praticamente unânime, é que haverá essa destruição acompanhada de uma necessária requalificação de competências para a qual o poder estatal parece ainda não estar devidamente apostado para a sensibilização dos cidadãos – não é segredo a recente dificuldade que o ensino profissional tem na atração de candidatos e, ainda mais notória, a articulação das competências técnicas procuradas pelas empresas com esta oferta educativa. Democratizar e descodificar conceitos, um dos principais objetivos do Fórum TECMAIA, permite também alertar os participantes, tendencialmente transversais nos perfis profissionais, para estas questões e se estivéssemos errados não teríamos registado no feedback da sessão deste ano expressões como “não tinha noção do impacto e saí da iniciativa com uma visão totalmente diferente da que tinha”. A Inteligência Artificial, o Machine Learning, o Data Mining e a Robotização, coisas que parecem de cientistas e longe das nossas casas, não são miragens e precisam de ser entendidas como vantagens que já atuam, e se consolidam, em áreas tão sensíveis como a Saúde ou a Agricultura – ambas fortemente pressionadas por uma demografia que, felizmente, vive mais anos, mas consome recursos para lá da capacidade regenerativa do planeta.
A coesão e a vitória da Humanidade fazem-se com o conhecimento das lições do passado e a aposta num respeito pela natureza e pelas pessoas. Afirmar que o Futuro já chegou é acreditar que ultrapassámos a negação, e ignorância em certos casos mediáticos, de que conseguiremos viver sem as oportunidades que a tecnologia e a ciência nos dão a cada dia. Aqui, no TECMAIA, fazemos a nossa parte.
Edição 2020
© 2024 several.pt