Em fevereiro de 2020, o Mundo foi abalado pela explosão global da pandemia de COVID-19 que teve o seu epicentro em Wuhan, na China nos finais
António Silva Tiago
Presidente da Câmara Municipal da Maia
Em fevereiro de 2020, o Mundo foi abalado pela explosão global da pandemia de COVID-19 que teve o seu epicentro em Wuhan, na China nos finais de 2019, tornando-se primeiro numa epidemia que foi alastrando no território do gigante asiático, até se disseminar por todo o lado, nos quatro cantos do Planeta.
Nunca antes houve um fenómeno tão avassalador que fosse suficientemente impactante para que a Humanidade tomasse consciência da magnitude do processo de globalização que remonta a tempos imemoriais, desde que a ambição do Homem se projetou para além dos horizontes que a sua vista alcançava. Processo que tem na gesta dos descobrimentos portugueses um impulso invulgar, tendo em conta o conhecimento e os recursos existentes à época, facto determinante para que os navegadores lusos tivessem empreendido um esforço de inovação tecnológica invulgar no seu tempo, revelando-se particularmente ousado na Arte de Navegar, posto que o Mar era a estrada que os levou às geografias mais recônditas do globo.
Trago à colação esta passagem da História de Portugal, precisamente porque nos narra uma epopeia em que os portugueses, face aos tremendos desafios que tiveram de vencer e dificuldades com que tiveram de arrostar, se agigantaram na sua resiliência, enfrentando o desconhecido e toda a sorte de imprevistos, sempre motivados pela ambição de descobrir um Mundo Novo.
A história serve-nos sempre, não apenas para nos orgulharmos dos feitos e procurarmos encontrar neles um sentido para a nossa pertença, mas também para buscar traços identitários que caraterizam o nosso ADN cultural, que segundo a narrativa dos cronistas e do Príncipe dos Poetas, na sua Obra-Prima “Os Lusíadas”, tem na essência da sua substância, precisamente, uma capacidade de resiliência quase ilimitada.
Desde o início da pandemia, vivi muito de perto, no terreno mesmo, a forma como a comunidade concelhia da Maia enfrentou este fenómeno sanitário global, registando com particular agrado e orgulho, o espírito de generosa solidariedade que esteve na génese da resposta às múltiplas necessidades que, de um momento para o outro, se geraram e às quais, juntos, demos resposta adequada e eficaz. Uma resposta que se traduziu na proteção dos mais vulneráveis, principalmente dos idosos institucionalizados, mas também dos que vivem nas suas próprias casas, auxiliando-os na manutenção do seu quotidiano, dando-lhes suporte nas rotinas diárias, fosse na compra de bens essenciais, de medicamentos ou nos cuidados com os seus animais de estimação, para além, é claro, das diversas operações de transferência de idosos para hotéis de 4 estrelas, procurando colocá-los a salvo de possíveis contaminações de grupo nos seus lares.
A par desta extraordinária mobilização que ocorreu prontamente, quer por parte da organização que corporiza o universo municipal, como por toda a sociedade civil maiata, houve igualmente uma resposta muito resiliente no seio do ecossistema que constitui a nossa economia local, adaptando-se com enorme criatividade e imaginação às circunstâncias conjunturais que a pandemia impôs.
Mas nesse contexto do nosso ecossistema económico, o maior impacto foi sentido pelas micro, pequenas e médias empresas, que apesar de se terem reinventado, precisavam de ser apoiadas com medidas desenhadas à sua dimensão estrutural.
Atenta à realidade social e económica sentida no território, a Câmara Municipal desenvolveu um conjunto de medidas de apoio à comunidade, cujo esforço financeiro ascendeu a mais de 5 milhões de euros, sendo uma parte significativa desse esforço, dedicada ao apoio direto à economia local, financiando diretamente as empresas que se candidataram ao Programa Extraordinário de Apoio Direto à Economia Local (PEADEL), que complementou outras medidas, como a redução e isenção de taxas, abrangendo também os tarifários de diversos serviços prestados pelo Município da Maia, desde o fornecimento de água, à recolha de resíduos, entre outros apoios diretos que foram disponibilizados.
É claro que, estou absolutamente ciente disso, todos esses apoios foram muito importantes para quem, nas famílias e nas empresas, se viu a braços com uma crise que as abalou profundamente, mas esses apoios de nada teriam valido se não existisse no seu seio, pessoas cuja resiliência tem sido o fermento da superação e da esperança.
Não me restam quaisquer dúvidas que todos sairemos desta terrível pandemia, mais fortes, mais determinados e ainda mais resilientes do que nunca, olhando o futuro com a confiança que a experiência que estamos a viver nos dá para enfrentar melhor os imprevistos e eventuais tormentas que o Devir nos possa reservar.
Edição 2021
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