Outrora, os homens de negócios usavam a divisa de que o segredo era a “alma” do negócio. Ana Margarida Sampaio Communication Advisor Segredo ou informação e transparência? Outrora, os homens de negócios usavam a divisa de que o segredo era a “alma” do negócio. Será que na era da informação o segredo ainda é a “alma” do negócio? Esta é uma questão na qual os empresários precisam de refletir com alguma serenidade, face às mudanças que a globalização impulsionou a vários níveis. Hoje é relativamente fácil aceder a informação que permite ao consumidor, obter todos os dados que pretende saber sobre um produto ou serviço que quer adquirir. Uma empresa que precise de estar no mercado com uma presença eficaz no espaço virtual, na internet, tem de cuidar bem da sua imagem corporativa, concebendo um design digital atrativo, um interface que permita uma interação dinâmica e uma acessibilidade tão simples quanto possível, mas tem essencialmente que apostar em disponibilizar informação verdadeira e esclarecedora. É por isso que atualmente, a comunicação empresarial assume um papel determinante no mercado. A credibilidade e a reputação positiva de uma empresa moderna, alcança-se fundamentalmente através da disponibilização ao mercado, clientes e consumidores, de informação verdadeira, alicerçada em dados técnicos com elevado grau de especificação, que fornece ao mercado, todos os elementos necessários para que os negócios sejam transparentes e a relação comercial se estabeleça numa base de confiança recíproca. Cabe à comunicação empresarial assegurar que essa transparência e relação de confiança recíproca se mantenha sempre ao melhor nível, se possível, ao ponto de relegar para segundo plano, o fator preço. Diante a transparência, credibilidade e confiança que um dado fornecedor nos inspira, o preço poderá ser sempre objeto de negociação, mas dificilmente conseguirá colocar em crise todos esses valores éticos nos negócios que são atualmente uma claríssima vantagem competitiva. Edição 2017
A Responsabilidade Social. Sua importância e impacto no desenvolvimento da organização e da Comunidade
Questiono-me frequentemente sobre o facto da Responsabilidade Social ser comumente conotada com filantropia, ligando-a, Brízida Tomé Investigadora em Economia Social A Responsabilidade Social. Sua importância e impacto no desenvolvimento da organização e da Comunidade Questiono-me frequentemente sobre o facto da Responsabilidade Social ser comumente conotada com filantropia, ligando-a, redutoramente, a ações mais ou menos caritativas e, sobretudo, pontuais, ignorando outras vertentes em que a mesma se desenvolve ou deva desenvolver, bem como todo o impacto gerado. Estas reflexões conduzem-me a questionar igualmente se não será a terminologia que a designa de “social”, que conduz a esta visão minimalista e pouco elucidativa. Em meu parecer, o termo social é habitualmente interpretado como revelador de algum estatuto, que sendo “muito social” induz à consideração de algum elitismo ou, sendo “meramente social”, se refere a uma franja pouco favorecida, ou mais desfavorecida. Raramente se entende o “social” num sentido mais lato, de Comunidade, de consciência societária e cívica. No que respeita à Responsabilidade Social, de que tanto se tem teorizado e falado nas últimas décadas, e a que tantas organizações têm aderido de uma ou outra forma, importa salientar a visão europeia do que ela representa: “empresas que decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo” (Comissão das Comunidades Europeias. Livro Verde, 2001). Este conceito tem vindo a tornar-se mais abrangente, tendo a União Europeia vindo a desenvolver uma política social, traçando objetivos que visam a satisfação necessidades da geração atual, sem comprometer opções das gerações futuras, o que implica a prossecução de uma estratégia favorecedora do desenvolvimento sustentável, comprometida com o respeito pelos valores europeus, nomeadamente de Solidariedade, Igualdade, Coesão Social , Justiça e Equidade, Transparência, Responsabilidade individual e Social partilhada. Assim, a Responsabilidade Social estende-se a vários níveis de atuação, levando a que o seu conceito seja encarado sob o ponto de vista de várias vertentes: a económica, a social e a ambiental (triple bottom line). A Responsabilidade Social não pode limitar-se às empresas do segundo sector, cujo fim primeiro é a obtenção de lucro, mas deve ser prosseguida pelas instituições da Economia Social (também apelidada de terceiro sector) que na sua génese estão imbuídas dos mesmos valores, bem como pelo sector público, já que a prossecução do Bem-Comum tem forçosamente de ser a sua prioridade. É evidente que o posicionamento estratégico de cada organização perante a Responsabilidade Social é diferenciado, e a hierarquização dos seus níveis de atuação poderá ser igualmente distinta, adaptada à realidade de cada uma, desenvolvida interna e externamente, valorizando mais uma das envolventes em detrimento da outra, ou apenas considerando uma delas. No entanto, temos bem presente a mudança de paradigma empresarial , conducente à necessidade de abertura à envolvente externa e de legitimação junto de todos os grupos de interesses ou partes interessadas. Quanto às partes interessadas, começando pela seu contexto interno, qualquer organização muito terá a ganhar quando, ao promover uma política assertiva para com os seus colaboradores cria neles uma motivação para a colaboração e empenho, sentido de partilha, que redunda numa efetiva atitude proactiva e aumento de produtividade. Não podemos esquecer que, ao mesmo tempo, a empresa está a contribuir para o bem-estar da sua Comunidade e a ajudar a desenvolver cidadãos também mais atentos e respeitadores dos valores partilhados. Esta cultura organizacional, baseada em princípios de Responsabilidade Social, é factor reconhecido e valorizado por todos os grupos externos com que a organização mantém interligações, nomeadamente, fornecedores, clientes, concorrentes e Estado. A acrescida exigência dos Stakeholders quanto ao comportamento socialmente responsável, leva a organização a previlegiar o desenvolvimento social, a proteção ambiental e os direitos fundamentais, logo, a adoptar comportamentos transparentes, responsáveis e éticos, numa convergência de atitudes com a Responsabilidade Social. Daí resulta a capacidade de alavancagem da Responsabilidade Social: a organização vê-se obrigada a maiores exigências a nível das competências dos gestores, na tomada de decisões, na maior acuidade no grau de prossecução dos objetivos e resultados obtidos, tornando-se em vantagem competitiva, traduzida na diferenciação da sua performance empresarial. É este posicionamento da organização, num elevado patamar de exigência de qualidade, que a conduz à sustentabilidade, mas que simultâneamente produz o desenvolvimento sustentável da Comunidade em que se insere. Edição 2017
Revolução Industrial 2D: Digitalização e Descarbonização
Revolução pode ser entendida como uma reforma, transformação ou mudança completa. Nas empresas as revoluções assentam Filipe Gonçalves Strategy Manager Maia Go Revolução Industrial 2D: Digitalização e Descarbonização Revolução pode ser entendida como uma reforma, transformação ou mudança completa. Nas empresas as revoluções assentam principalmente na otimização dos processos, nos canais de escoamento e na redução de custos. Em suma, na melhoria da competitividade. Como qualquer revolução, também as revoluções industriais têm um âmbito económico, social e político. Entre 1760 e 1840, assistimos à 1ª revolução industrial que trouxe a máquina a vapor. A 2ª revolução industrial (final do século XIX e início do século XX), introduziu a eletricidade, as linhas de montagem e a produção em massa. A 3ª revolução industrial trouxe no início na década de 60 tecnologias como semicondutores, mainframes e computadores pessoais e nos anos 90 a internet que revolucionou a indústria e todo o sistema de relacionamento e comunicação mundial. Vivemos, atualmente, uma nova revolução industrial, designada por Indústria 4.0. Esta 4ª revolução industrial será a Revolução 2D, “D” de Digitalização e de Descarbonização. A tecnologia e a internet foram introduzidas já na 3ª revolução industrial, mas é agora que se percebe o seu real impacto e as potencialidades, fruto da forte evolução e das novas aplicações desenvolvidas. Internet das Coisas (IoT), blockchain, aprendizagem automática, robots, processos de fabricação aditiva (e.g. impressão 3D), big data, realidade aumentada, entre outras “tecnologias” digitais, estão a revolucionar a forma como a indústria opera, se organiza e se relaciona. Por outro lado, as crescentes preocupações ambientais e as alterações climáticas exigem uma revisitação dos processos produtivos e logísticos. Palavra de ordem: Digitalizar A revolução digital e a transformação da economia mundial vão acelerar. Quem não se prepar e adaptar, com tempo e método, muito provavelmente irá desaparecer. Nas revoluções industriais anteriores, as empresas que mais cresceram, foram as que mais rapidamente se adaptaram e incorporaram nos seus processos as novas tecnologias. Convém, no entanto, ter-se em conta que ser digital não significa ter um website ou uma aplicação móvel com um catálogo dos produtos disponíveis. A digitalização da indústria, vai muito para além disso e tem que ser aplicada de forma transversal a todas as fases de produção, criando modelos de negócio que assentem na interação entre o “mundo físico e o digital”, e na integração da tecnologia, pessoas, informação e processos. Portugal encontra-se, ainda, abaixo da média da União Europeia no que se refere ao investimento na Economia Digital (20% do PIB, contra 28%). No entanto, temos assistido a fortes avanços por parte da indústria e a incentivos governamentais, havendo condições para que as empresas portuguesas acompanhem a Revolução 2D. Descarbonização: casamento possível entre Ambiente e Economia A descarbonização (da economia) é uma prioridade para vários países. Portugal, felizmente, não é exceção. Mais do que um objetivo estratégico ou político, trata-se na verdade de assumir um compromisso com o nosso planeta e com o futuro da humanidade. A meta de balanço zero de gases com efeito de estufa em 2050, implicará um enorme esforço coletivo e uma profunda alteração a todos os níveis da cadeia de valor. Será necessário um forte investimento por parte das empresas, sem no entanto se comprometer a resposta aos demais desafios hoje colocados: personalização, tempo de resposta curto e baixo preço. Preservar o ambiente e garantir o crescimento económico é, assim, o maior desafio colocado aos empresários e aos governantes. E muitos já o aceitaram! A ambiciosa, mas necessária, meta de carbono zero, implicará potenciar: o pleno da utilização de fontes renováveis na produção de energia; a renovação do setor logístico, com uma forte intervenção na substituição das fontes de combustível dos veículos; a substituição da viatura individual pela coletiva; a revisão dos processos de planeamento territorial e construção das cidades; a alteração dos processos e tipos de produção alimentar. O terceiro D: Dinheiro Como já referido, estes processos exigirão um forte investimento por parte das empresas e dos governos. Muitas vezes não é possível realizarem-se estes investimentos com recurso exclusivo a capitais próprios, impondo-se a necessidade de criação de mecanismos de financiamento que apoiem e alavanquem o esforço a realizar pelas empresas. Os setores financeiro e bancário têm vindo a criar diferentes produtos e soluções que permitem apoiar a descarbonização da economia. Também o governo tem apoiado, nomeadamente através do Portugal 2020, os investimentos a efetuar nesta área e impulsionado fortemente a adoção de processos que conduzam à descarbonização. Tratando-se de um desígnio nacional (ou mundial), não deveremos descurar a escala local. Os municípios terão sempre um papel importante nestes processos, seja através da promoção e apoio à criação de redes ou da alteração dos modelos de planeamento territorial, mas também com a necessária criação de mecanismos que potenciem, por exemplo, a redução ou isenção de derrama para as empresas que efetuarem investimentos que conduzam à revolução 2D. Edição 2017
Inteligência competitiva garante credibilidade da inovação
A gestão moderna está hoje inundada por “clichês” e por uma certa banalização de conceitos, que são muitas vezes invocados a despropósito Vitor Dias Investigador Inteligência competitiva garante credibilidade da inovação A gestão moderna está hoje inundada por “clichês” e por uma certa banalização de conceitos, que são muitas vezes invocados a despropósito ou mesmo desprovidos de conteúdo e sem qualquer sentido. Em conferências e noutros eventos congéneres, é relativamente habitual, ouvir-se alguns oradores artilharem as suas comunicações com conceitos chave, que não raras vezes, usam como uma espécie de consumíveis para adocicar o discurso com termos técnicos que se tornaram moda. Já por mais do que uma vez dei comigo a pensar, se não haverá por aí nenhuma corrente estética que se vai adaptando às tendências da linguagem dos gestores, como acontece na moda com a maquilhagem. Na verdade, a indumentária e a maquilhagem podem dizer pouco, muito pouco, sobre a qualidade e competência de uma pessoa, mas que impressiona, sem dúvida que sim. Contudo, não é por uma empresa ou uma marca fazer apresentações muito impactantes, alicerçadas numa linguagem que esteja na moda e utilizando recursos que suscitem um certo sensacionalismo, que o anúncio das suas inovações as vai conseguir afirmar e impor no mercado. O momento da verdade No momento da verdade, quando quem decide quiser certificar-se de que se trata mesmo de um produto ou de uma solução genuinamente inovadora, esse facto terá de ser inequivocamente comprovável e completamente indesmentível. Quem falhar uma vez, por mais que invista em comunicação e em operações de charme, jamais conseguirá reconquistar a confiança do mercado. Ter um sistema eficaz de inteligência competitiva, para quem se quer afirmar no mercado global, pela sua performance em inovação e desenvolvimento de novos produtos ou soluções, é absolutamente imprescindível. Se há área em que a informação se revela especialmente crítica, é precisamente a da inovação. Normalmente, os montantes que se investem em investigação e em projectos d teste de novos produtos são invariavelmente avultados e de altíssimo risco, pelo que a margem para o fracasso, tem de ser reduzida ao mínimo possível. Assim, compreender-se-á facilmente, que o risco de investir forte em inovação, para depois chegar ao mercado e ser surpreendido por alternativas similares que concorrem directamente com as nossas inovações, pode ter consequências desastrosas para qualquer negócio. A par do investimento e do foco nos projectos que se têm em laboratório ou em cooperação com parceiros científicos, é preciso cuidar de aspectos tão relevantes e críticos, como a blindagem da informação inerente a esses projectos e em simultâneo, rastrear permanentemente o que está acontecer no nosso mercado, mas mais do que isso, procurar antecipar o que os nossos concorrentes se preparam para apresentar, competindo diretamente connosco. O precioso contributo da inteligência competitiva A inteligência competitiva não é nenhuma metodologia de espionagem. Não é, nem poderia ser isso, porque a espionagem económica é ilegal e não é ética. Mas é uma disciplina com uma metodologia baseada no conceito tecnológico do radar. Uma disciplina que se debruça sobre a deteção de todos os objectos dotados de informação crítica para o negócio da empresa e para o seu posicionamento no mercado. O seu método de atuação é concretizado através de uma randomização radial que rastreia desde o epicentro da empresa até às margens máximas ao alcance dos seus diversos instrumentos de colheita, análise, interpretação, classificação e aplicação efectiva da informação dotada de significado crítico. A observação atenta e criteriosa de todos os dados, mesmo aqueles que aparentemente podem não suscitar qualquer interesse inicial, deve ser objeto de um refinamento analítico dos seus meta-significados, na certeza de que há por vezes informação, que depois de bem dissecada, acaba por revelar uma importância bem diferente daquela que aparentava à priori. Quantas vezes é nos pormenores que pareciam insignificantes, que um concorrente acaba por denunciar a sua estratégia para a inovação. Pormenores que podem ser encontrados nas suas fontes de financiamento, no tipo de matérias-primas que está a comprar, ou mesmo nas qualificações dos recursos humanos que está a contratar num certo momento. Tudo tem significado e valor informativo, confirmando que o acaso é uma mera questão de retórica. Para ilustrar melhor a matéria que aqui abordo, deixo os leitores a pensar, o quanto seria desastroso para uma empresa farmacêutica, investir milhões numa nova molécula para produzir um fármaco pretensamente revolucionário, se quando o fosse lançar no mercado, um concorrente seu se tivesse antecipado, fazendo jus à velha máxima, de que, quem parte na frente parte sempre em vantagem e quem corre atrás, vai em desconto do prejuízo. Do prejuízo que advém pela perda da credibilidade da sua inovação. De uma inovação que nunca chegou a ser. Na era da informação, quem a tem e sabe usá-la, tem poder… E é esse poder que a inteligência competitiva pode aportar a uma empresa. Edição 2017
Posicionar a sua empresa para o sucesso online
O mundo do marketing online é complexo e cheio de opções. Mas é também uma realidade incontornável. Existem alguns Cecília Gunawardena Online Marketing Coach & Strategist Posicionar a sua empresa para o sucesso online O mundo do marketing online é complexo e cheio de opções. Mas é também uma realidade incontornável. Existem alguns conceitos que devem ser a base da sua estratégia de marketing para assegurar que a sua empresa se posiciona para o sucesso. A internet abriu as portas à internacionalização das empresas de uma forma sem precedentes. Qualquer empresa pode encarar o mundo como o seu mercado, independentemente da sua dimensão. Isto representa uma oportunidade enorme mas também um desafio. O marketing online é a ferramenta certa para resolver esse desafio. Como é que o marketing online pode ajudar uma empresa a chegar até aos seus clientes e distinguir-se da concorrência? Há alguns anos bastava ter um website para marcar a sua presença online e esperar que este fosse o ponto de contacto para atrair novos clientes. Mas a forma de vender mudou muito. A internet veio colocar os compradores numa posição mais igualitária aos vendedores: é muito fácil pesquisar e fazer uma compra informada. Quem compra partilha as suas experiências online, em redes sociais, fóruns e blogs. Uma estratégia de marketing online bem definida tem em conta esta nova realidade para atrair mais clientes e aumentar as vendas. Para ter sucesso uma empresa tem de focar-se no cliente e dedicar-se a servi-lo. Mas a estratégia certeira passa por decidir quem é o cliente alvo, quem a empresa quer servir. Só porque pode chegar a todos os clientes não significa que deva fazê-lo. A persona do comprador é um conceito cada vez mais explorado no marketing. Procura-se criar uma imagem e uma visão multidimensional do cliente ideal, tendo em atenção vários aspectos, por exemplo demográficos e também comportamentais (incluindo objectivos, valores, desafios e medos). Este processo, que inclui dar um nome a cada persona, serve de base a toda a estratégia de marketing e comunicação da empresa. Algumas empresas terão vários clientes-alvo – a estratégia de marketing e comunicação terá que ser adaptada a cada persona. Definindo a persona, a empresa vai compreender melhor o cliente: o que é que o preocupa e o que é que ele deseja, e vai saber como ajudá-lo e como comunicar com ele. A empresa também vai saber onde encontrar o seu cliente online, isto é, quais as redes sociais que o cliente usa e que conteúdos criar nessas plataformas. Os conteúdos devem ser adequados ao público-alvo e dar sempre resposta às preocupações e desejos dos clientes. Um erro comum é focar-se só nas soluções que a empresa vende, salientando as características técnicas do produto ou serviço. Se quer ter mais clientes e criar relações fortes com eles mostre como resolver o problema. Por exemplo, se vende tintas e a sua empresa tem uma newsletter semanal enviada a clientes do mercado “faça você mesmo”, onde dá informação sobre os seus produtos e as promoções que vai fazendo aos mesmos está a desperdiçar os seus recursos sem criar valor para o seu cliente-alvo. O ideal é focar num problema que o seu cliente poderá ter e explicar-lhe como o resolver, mostrando de que forma o seu produto pode ser a solução. Em vez de salientar todas as características técnicas da sua tinta anti-fungos, explique qual a melhor forma de tratar a parede para receber a pintura e como aplicar a tinta para obter o melhor resultado. Por muita tecnologia que tenhamos à disposição, são as histórias que nos conectam como seres humanos. Por isso se diz tantas vezes “facts tell, stories sell”. As pessoas estão interessadas em histórias, em perceber quais são os valores por detrás da sua marca, da sua empresa, das pessoas que a compõem. As empresas preocupam-se em ser cada vez mais diferentes, apostando em criar factores diferenciadores entre os seus produtos ou serviços e os da concorrência. As empresas que conseguem conectar-se com os seus compradores ao nível emocional têm mais sucesso. A autenticidade é uma arma na estratégia de marketing, independentemente do ramo de actividade da empresa. No marketing, como na vida, não há apenas uma resposta, uma receita, uma estratégia de sucesso. Algo que dá resultados no caso de uma empresa, não resulta noutra. Mas estes conceitos que têm que ser inerentes à criação de uma estratégia de sucesso para a sua empresa: compreender que a relação cliente-vendedor se alterou e como isso afecta o processo de venda, conhecer bem o seu cliente-ideal e comunicar de forma autêntica, criando relações de proximidade com os seus clientes. Edição 2017
Exportações e I&D: duas faces da competitividade
De acordo com os dados mais recentes disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), entre 2010 e 2014 no município da Maia Aurora Teixeira Professora da Faculdade de Economia da Universidade do Porto Exportações e I&D: duas faces da competitividade De acordo com os dados mais recentes disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), entre 2010 e 2014 no município da Maia todas as atividades económicas registaram uma diminuição do número de estabelecimentos, com exceção de ‘Outras atividades de serviços’, ‘Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição’, ‘Atividades administrativas e dos serviços de apoio’ e ‘Atividades de saúde humana e apoio social’. Estas atividades observaram um aumento global do número de estabelecimentos de, respetivamente, 10.7%, 8.5%, 8.2% e 0.6%. Entre os setores que observaram maior destruição de estabelecimentos encontra-se a ‘Construção’ que no município da Maia, à semelhança do que se passou em Portugal continental, entre 2010 e 2014 perdeu mais de 1/3 dos estabelecimentos (cerca de 1900 estabelecimentos). Contudo, a destruição de estabelecimentos na indústria transformadora foi particularmente acentuada no município da Maia, com o número de estabelecimentos deste setor a diminuir, no período em análise, 10% contra a diminuição de 2.5% e 6% na região do Norte e em Portugal, respetivamente. É um facto que a ‘sombra da morte’ empresarial está associada à pequena dimensão e à indústria transformadora. Não obstante, a exportação e a investigação e desenvolvimento (I&D) são atividades que proporcionam ‘raios de sol’ capazes de afastar tal sombra e permitem aumentar a competitividade. Uma característica importante da economia do município da Maia é o seu considerável dinamismo exportador. Em 2014, de acordo com valores provisórios disponibilizados pelo INE, era o maior exportador de mercadorias da Área Metropolitana do Porto (AMP), vendendo ao estrangeiro mais de 1.3 mil milhões de euros (cerca de 14% do total exportado pela AMP e 3% das exportações de mercadorias de Portugal). Entre 2011 e 2014, não obstante o contexto de crise económica, registou uma das maiores taxas de variação das exportações de mercadorias, de, aproximadamente, +15%, em valores correntes, acima da média nacional (+12%) e muito além do registado pelos outros municípios mais exportadores da AMP: Vila Nova de Gaia (+9%), Santa Maria da Feira (+10%) ou Porto (-15%). Está ainda localizada na Maia o segundo maior investidor em Investigação e Desenvolvimento (I&D) do país (de acordo com a lista provisória das Empresas/Grupos com mais despesa intramuros em atividades de I&D em 2015, publicada, em novembro de 2016, pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência): a Sonae, uma multinacional com negócios em áreas tão diversificadas como retalho, serviços financeiros, tecnologia, centros comerciais e telecomunicações. Mas o investimento em I&D não é uma atividade exclusiva das e/ou essencial para as grandes empresas. A atividade de I&D constitui uma base importante (embora não seja a única atividade que contribui) para a inovação empresarial de todas as empresas, incluindo as pequenas e médias empresas, estando intimamente relacionada com o desempenho empresarial em termos de exportação. A evidência recente utilizando mais de 340 mil empresas não financeiras com sede em Portugal, ao longo do período 2006-2012, confirma a complementaridade entre I&D e exportações.1 Ou seja, nas empresas não financeiras com sede em Portugal o investimento em atividades de I&D aumenta a probabilidade da empresa exportar e o envolvimento na exportação aumenta também a probabilidade de investimento em I&D. Adicionalmente, o investimento em atividades de I&D e o envolvimento na exportação têm um efeito positivo e significativo sobre o crescimento das vendas, que é amplificado quando ambas as atividades ocorrem simultaneamente. Porque os exportadores e as empresas inovadoras tendem a ter maior crescimento da produtividade, o processo de exportação e inovação que reforça o crescimento dessas empresas apoia também o crescimento da produtividade do município/região/país. Existe, por conseguinte, racionalidade no interesse/apoio à exportação e I&D/inovação empresariais por parte das autoridades públicas locais/regionais/nacionais. Este apoio público às atividades de I&D empresarial, sendo importante, nomeadamente ao nível das empresas de dimensão mais reduzida que operam nos designados sectores menos intensivos em tecnologia e conhecimento, não deve ser executado na (atual) perspetiva ‘quantitativa’, correndo-se o risco de estender a lógica de subsídio dependência que, infelizmente, perpassa a atribuição de apoios públicos em diversos domínios em Portugal, mas antes deverá centrar-se na ‘qualidade’, isto é, no tipo de inovação que induz. Nota: (1) Alexandre Neves; Aurora Teixeira; Sandra Silva (2016), “Exports-R&D investment complementarity and economic performance of firms located in Portugal”, Investigación Económica, Vol. 75, Nº 295, pp. 125-156 (in http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0185166716300042). Edição 2017
O pequeno empresário
As empresas e os empresários continuam, ao contrário do que muita gente pensa, a construir o Portugal que hoje todos elogiam. Tal deve-se a Artur Bacelar Director de Informação do Jornal Maiahoje O pequeno empresário As empresas e os empresários continuam, ao contrário do que muita gente pensa, a construir o Portugal que hoje todos elogiam. Tal deve-se a um esforço enorme dos mesmos, que, esquecidos pelos sucessivos governos, continuam fortemente penalizados. O pequeno empresário, mais frágil em situações de emergência e crise, é o primeiro a “cair”, asfixiado por tudo o que é imposto e transformado em criminoso se não cumprir. Chantageado pelo Estado, quando já não aguenta mais, é obrigado a fazer “das tripas coração” de forma a tentar manter a empresa, os empregos que constituiu e levar até ao impossível o limite de financiamento. Uma vida de trabalho, muitas vezes no limite entre a pobreza e o desenrascado, marca toda uma classe que, em caso de desastre financeiro, pode transformar famílias em sem-abrigo numa qualquer rua deste país. Uma história bem diferente da dos seus funcionários que estão protegidos pelo Estado e nada arriscaram. Esta é a medalha que o Estado dá a quem apostou toda uma vida na construção deste Portugal e em criar riqueza na economia. Discute-se e impõem-se em Concertação Social, aumentos de salários muitas vezes incomportáveis. Quando as vendas baixam e há necessidade de reduzir a custos, despedir um funcionário transforma-se numa impossibilidade dado o custo das indeminizações ao trabalhador. A réstia de esperança morre na burocracia e falta de apoio. O fecho de portas de uma empresa que seria viável com menos recursos humanos, transforma-se numa inevitabilidade que trama o empresário a quem o Estado nada perdoa. No entanto, neste país de contrastes, onde há cidadãos de primeira e de segunda, os partidos políticos aparecem como uma superclasse à parte que entende que as suas actividades não são merecedoras de serem taxadas em sede de IVA, não devem ser controladas e auditadas por qualquer instituição, podendo com toda a promiscuidade entre quem legisla e financia, obter créditos e financiamentos ilimitados.Já não há vergonha. A nova Lei de financiamento dos partidos, não tem pai nem mãe, ninguém quer dizer quem foram os deputados que a levaram à votação, e entre a quadra natalícia, lá passou despercebida na casa de todos os portugueses. Já não lhes chega os cerca de três euros de subvenção que vale cada voto. A culpa é do cidadão que ainda acredita nos políticos deste país e liga mais ao escândalo de uma história de uns bolos reis no caixote do lixo do que aos milhões que se tramaram nas suas costas. Continuamos a ser mais a Cigarra e menos a Formiga. Ao futuro ninguém liga. Estamos cegos com algum crescimento da economia e não nos apercebemos que cada vez mais o Estado não paga o que deve, ou paga tardiamente. São feitos concursos para incentivos e apoios que são depois anulados por falta de verba que, entretanto, desapareceu ninguém sabe muito bem para onde. Não há magia nem neste governo, nem noutro. O cobertor é o mesmo, se tapar o peito fica com os pés de fora e vice-versa. Os lóbis, ditam as regras do que é importante e toda a gente assiste a manifestações cuidadosamente organizadas na chantagem como se não mexessem no seu bolso. Aqueles que decidiram que o seu futuro seria criar riqueza no país, tentar levar uma vida melhor e criar emprego, sabem bem o que é começar o mês ao contrário, ou seja, começar o mês com dívidas que esperam liquidar, se a sorte lhes sorrir, até ao final do mesmo. Para estes não há feriados ou pontes, há menos dias para liquidar a factura mensal. Maltratados, o seu novo objectivo passa por ter um emprego certo, criado preferentemente pelo Estado, que os guie até uma das reformas mais ou menos milionárias. Não sei se vem aí o Diabo, mas há maldades que não lembraria ao próprio e nós, de pipoca na mão, lá assistimos impávidos e serenos ao desenrolar desta novela de mau gosto. Edição 2017
Economia circular é caminho para a sustentabilidade integral
Tive recentemente, o gosto de proferir uma intervenção que marcou o encerramento de uma conferência internacional sobre Economia circular. António Silva Tiago Presidente da Câmara Municipal da Maia Economia circular é caminho para a sustentabilidade integral Tive recentemente, o gosto de proferir uma intervenção que marcou o encerramento de uma conferência internacional sobre Economia circular. Falar de uma matéria a que sou particularmente sensível, e à qual me dediquei com entusiasmo e muita esperança, ao longo de toda a minha vida pública enquanto autarca, é sempre uma reflexão muito estimulante para mim. Sempre tive uma funda convicção de que através de um investimento devidamente planeado e estruturado, na educação ambiental focada no desenvolvimento sustentável, haveríamos de chegar ao desiderato de equacionar uma economia circular, para cujo sucesso se revela essencial, a participação proactiva e socialmente responsável dos cidadãos, das empresas e das instituições privadas e públicas. Hoje, creio ser claro para todos, governantes e sociedade em geral, que a economia circular não é apenas mais uma opção, mas é, isso sim, a opção. É a opção para fazermos um caminho consciente e responsável para a sustentabilidade integral. Economia linear é hoje um modelo desajustado Extrair, produzir e descartar foi durante décadas de consumismo desenfreado, o modelo da designada economia linear. Um modelo insustentável que nos trouxe até aqui, até acordarmos para uma realidade com impactos devastadores a vários níveis, mormente ao nível do esgotamento de recursos naturais que não são finitos. E a esse problema gravíssimo, como é o esgotamento dos recursos naturais que está a provocar uma preocupante escassez, acresce outra dor de cabeça não menos preocupante, como é a produção massiva de resíduos inutilizáveis e potencialmente nocivos para os ecossistemas. A boa nova da economia circular A boa nova da economia circular, é que ela vai muito para além da reciclagem dos produtos. Neste novo paradigma da economia circular, cada material é usado e reutilizado ao máximo com o mínimo de desperdício. Claro está, que para isso, é necessário mudar radicalmente a forma de produzir, mas também de consumir. Tudo tem de ser equacionado de forma mais inteligente, equilibrada e integralmente sustentável, desde a escolha das matérias-primas, o desenho dos produtos e o aproveitamento dos subprodutos industriais. Estes são aspetos essenciais do novo modelo. Numa economia circular, as empresas garantem a sua autonomia e sustentabilidade futura, através da gestão completa do ciclo de vida dos produtos. Mas esta é, sem sombra de dúvida, uma estratégia que tem de ser aplicada a todos os setores: à indústria, à agricultura e aos serviços. Estou hoje, ainda mais convencido do que nunca, que o conceito chave da economia circular é a inovação. Razão pela qual considero absolutamente imprescindível o envolvimento comprometido das instituições que produzem Ciência e desenvolvimento tecnológico sustentável. E a inovação ligada a este modelo de economia, é em si mesma um importante fator de crescimento e desenvolvimento económico, que aporta valor, promove novos negócios, cria novos empregos e gera riqueza. Convém, em todo o caso, que tenhamos consciência que o paradigma da economia circular, não dispensa de modo algum, métodos e conhecimento antigo e consolidado que serve perfeitamente o desígnio da sustentabilidade integral, compaginando-se harmoniosamente com os progressos que a inovação fornece para o mesmo propósito. É inevitável a opção por ciclos curtos baseados na reutilização e na reparação, na poupança de energia, na poupança de água e na redução ao mínimo possível, de resíduos que pela sua natureza intrínseca não podem ser reciclados nem reutilizados. E é aqui que a inovação tem um importante papel a desempenhar e, simultaneamente, um imenso mercado para crescer e financiar novos projetos de investigação e desenvolvimento de soluções tecnológicas mais sustentáveis. A economia circular exige também mudanças no plano individual ao nível das mentalidades, para que os cidadãos inculquem como valores éticos, a ideia de que possuir menos e partilhar mais, é contribuir direta e pessoalmente para a sustentabilidade integral do Planeta, mas também para a criação de riqueza e de novos empregos ligados à economia circular. Segundo projeções de algumas instituições com credibilidade inquestionável nesta matéria, só na Europa, a economia circular poderá gerar poupanças de 600 mil milhões de euros para as empresas, criar 170 mil empregos diretos no setor da gestão de resíduos e contribuir para a redução das emissões de gases com efeito de estufa. Alicerçado nesta visão estratégica de futuro, que tenho vindo a aprofundar no meu pensamento político sobre a boa governança do território, quero em meu nome pessoal e em nome da Câmara Municipal da Maia, de que muito me honra ser Presidente, lançar através desta edição da revista “1000 maiores empresas da Maia” cuja equipa redatorial saúdo, um repto para que reflitam no desafio que é a adoção do modelo da economia circular. Um desafio que implica opções exigentes, é certo, mas que também oferece novas oportunidades de negócio e sobretudo promove um posicionamento ambiental e socialmente mais responsável e sustentável, com inequívocos ganhos ao nível da imagem corporativa das empresas e da sua relação com o território onde se integram. Sendo que esse território é composto de uma realidade humana, social, natural, ambiental e económica, onde todas estas dimensões têm de coexistir de forma harmoniosa e integralmente sustentável para garantir futuro. Edição 2017