A inovação é um dos principais motores do crescimento económico, ao permitir alcançar novos mercados e com maior valor acrescentado,
Paulo Vaz
Vice-presidente executivo da AEP
A inovação é um dos principais motores do crescimento económico, ao permitir alcançar novos mercados e com maior valor acrescentado, como resultado do aproveitamento e da incorporação de conhecimento, por parte das empresas, em novos produtos e serviços, em novas tecnologias, em novos processos produtivos ou em novas formas organizacionais.
E para as empresas conseguirem inovar é necessário que tenham acesso ao conhecimento e sejam capazes de o desenvolver e aplicar, o que requer a existência de quadros superiores altamente qualificados, capacidade de investimento, bem como de instituições de interface entre as empresas e os meios académicos, que dispõem de capacidade de diálogo e de análise suficiente para ajudar as empresas na identificação e diagnóstico das suas necessidades, bem como na ajuda na transferência do conhecimento / tecnologia e na sua incorporação nas empresas.
A AEP tem vindo a desenvolver projetos nestas áreas de apoio às empresas durante as últimas décadas, estando nos últimos anos diretamente envolvida em projetos com parceiros empresariais e académicos, visando o apoio da transferência do conhecimento para as empresas, com especial destaque para a sua participação na EEN – Enterprise Europe Network.
A EEN é a maior rede do mundo de apoio às PME e startups com ambições internacionais. Criada pela Comissão Europeia, a rede conta atualmente com mais de 500 entidades parceiras em mais de 60 países, reunindo cerca de três mil especialistas locais. O principal objetivo da EEN-Portugal é ajudar as empresas portuguesas, particularmente as pequenas e médias empresas e startups, a tornarem-se mais inovadoras e competitivas em mercados internacionais, disponibilizando-lhes informação estratégica e serviços de apoio. Esta iniciativa, da qual a AEP participa desde 2015, tem-se revelado um parceiro muito relevante para as empresas portuguesas, especialmente porque confiam na qualidade dos desafios que a AEP lhes propõe. Graças ao trabalho de proximidade diferenciada da Enterprise Europe Network, ao conhecer bem as empresas portuguesas, a EEN pode oferecer oportunidades que atendam às suas necessidades e, mais importante, ao seu potencial.
Quero também sublinhar a EURES Transfronteiriço Norte de Portugal-Galicia, uma rede criada pela Comissão Europeia, com representantes em todos e cada um dos Estados membros, a fim de prestar serviços de informação, aconselhamento e colocação destinados aos trabalhadores e aos empresários, sobre o mercado de trabalho no Espaço Económico Europeu. Dentro da Rede EURES encontra-se o serviço EURES Transfronteiriço, do qual a AEP é entidade parceira, que tem como objetivo promover a mobilidade transfronteiriça de trabalhadores e empresários na Eurorregião Norte de Portugal-Galicia (NP-G), convertendo esta área geográfica num mercado único de emprego. Atualmente, através do EURES Transfronteiriço, são divulgadas ofertas de emprego na Euroregião, disponibilizadas informações, não só sobre os trâmites a realizar na contratação transfronteiriça, mas também sobre legislação dos dois países em matéria laboral, fiscal e social aplicada à mobilidade transfronteiriça e são dadas a conhecer oportunidades de formação e estágios transfronteiriços.
A AEP está também envolvida no desejável e necessário processo de transição do modelo de economia linear para o modelo circular. Um bom exemplo é o Projeto “Azores EcoBlue”, que explora os conceitos do Eco-design, da Economia Circular e Azul, assente no paradigma Upcycling & Recycling, com uma forte componente de inovação aplicada ao desenvolvimento de novos subprodutos e de matérias-primas, a partir de resíduos sólidos persistentes, fabricados e abandonados no meio marinho e costeiro, atualmente nada valorizados. Fruto da recolha de resíduos e desperdícios da atividade piscatória, da sua caracterização, quantificação e processamento, têm sido feitos estudos científicos, com o intuito de desenvolver fios e fibras que possam ser transformados e utilizados como matéria-prima para produção de tecidos para o segmento casa e hotelaria e mantas de isolamento para utilização no sector da construção civil. O projeto visa também criar um modelo protótipo de uma Eco cabana, que se pretende seja replicável à escala global, em locais onde o lixo marinho seja uma realidade.
Na área da economia azul, ainda pouco explorada, face ao potencial que o nosso país revela, assinalo o “Blue Project”, que explora o conceito de economia azul através da transformação do excedente do peixe ‘Sarrajão’ em novos subprodutos têxteis e de consumo, aproveitando os recursos marinhos disponíveis na Costa Atlântica Norte de Portugal para aumentar a criação de valor, o crescimento sustentável da economia azul, a investigação científica e ainda a literacia na Economia Azul, visando também criar uma unidade de processamento de peixe fresco para a comercialização de filetes de ‘Sarrajão’ em cantinas escolares, colaborar com entidades de I&D e aproveitar o desperdício alimentar (de peixe) para criar novos materiais têxteis e outros subprodutos alimentares.
Finalmente, outro excelente exemplo, o BID4TENDERS, um projeto que tem como objetivo apoiar e capacitar as empresas para o Public Procurement, como meio de acesso a novos negócios, novos mercados e maior inovação, respondendo às lacunas detetadas através de uma sólida plataforma digital de cooperação transfronteiriça como base numa agenda inovadora de capacitação e qualificação de fileiras, PME e gestores.
Creio que todos estes exemplos são ilustrativos do empenho da AEP em contribuir para uma trajetória de crescimento e desenvolvimento económico forte, sustentado e sustentável. Este é o mote que move a AEP há quase 175 anos.
Edição 2023
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