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O ano de 2022 foi marcado por muitas nuvens negras que ensombraram o contexto internacional e se repercutiram negativamente na vida das

Paulo Vaz

Administrador da AEP

Tempo de investir e exportar ainda maia, olhando além das nuvens negras no horizonte

O ano de 2022 foi marcado por muitas nuvens negras que ensombraram o contexto internacional e se repercutiram negativamente na vida das nossas empresas e das nossas famílias.

A guerra na Ucrânia, desde logo, mas também outros desafios da conjuntura externa (como a política de Covid zero na China, apenas recentemente aliviada), incluindo as disrupções nas cadeias de abastecimento, geraram um forte agravamento dos custos das empresas nacionais ao longo do ano, mais nuns setores do que noutros, em particular naqueles com maior peso dos custos da energia, que dispararam de uma forma já não vista há bastante décadas.

Os dados mostram que o agravamento desses custos tem sido repercutido apenas parcialmente até ao consumidor final (basta comparar o aumento homólogo de mais de 30% do índice de preço na produção industrial em novembro com a subida próxima de 10% do índice de preços no consumidor nesse mês), comprimindo enormemente as margens das empresas mais expostas e gerando situações cada vez mais insustentáveis em muitas delas, pese embora o aumento global bastante significativo de atividade em 2022, que deve ser devidamente enquadrado e explicado.

É de realçar a fortíssima retoma do indicador de intensidade exportadora, isto é, do peso das exportações de bens e serviços no PIB, que permite aferir o avanço no processo de internacionalização da economia portuguesa. Este indicador, após um enorme retrocesso durante o período da pandemia (para 22,4% do PIB no segundo trimestre de 2020), para níveis de uma década atrás, recuperou em 2021 e 2022, tendo atingindo um novo máximo no 3º trimestre deste ano (51,8%, repartidos entre 35,4% nos bens e 16,4% nos serviços), já largamente acima do anterior máximo pré-pandemia (43,9% no 4º trimestre de 2019: 29,5% nos bens e 14,5% nos serviços).

Este avanço da intensidade exportadora para novos máximos, significando que as exportações cresceram acima da progressão historicamente elevada do PIB num contexto particularmente desfavorável (pandemia seguida de guerra, eventos relativamente raros em termos históricos), é uma verdadeira façanha das nossas empresas e empresários, mostrando a sua resiliência nos tempos mais difíceis e uma grande capacidade de penetração e de ganhos de quota nos mercados internacionais, como que navegadores e descobridores avançando entre marés muito agitadas!

Isto foi conseguido com uma progressão relativamente modesta do investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), que o Banco de Portugal espera cresça apenas 1,3% em 2022.

Indo mais para trás, os dados das contas nacionais do INE relativas ao terceiro trimestre de 2022 mostram que, comparando com o mesmo trimestre de 2019, as exportações aumentaram 11% em volume, enquanto o investimento apenas subiu 6,4%.

É, pois, tempo de estimular e apoiar o investimento e de ver para lá das nuvens negras no horizonte, de modo a fazer progredir ainda mais as nossas exportações e a intensidade exportadora, pois só assim é possível melhorar de forma sustentada o nível de vida da nossa população para níveis mais próximos dos países europeus mais desenvolvidos, dada a relativa exiguidade do nosso mercado interno.

Estou certo do desejo das empresas em investir e exportar cada vez mais, em novos mercados e nos atuais, mas tal não depende apenas delas. O contexto internacional continuará difícil em 2023, porém espera-se que prossiga a tendência mais recente ao nível do desagravamento de vários custos, nomeadamente os da energia, do transporte marítimo e das matérias-primas.

Estou também certo de que a conjuntura adversa dificultará, mas não será impedimento ao progresso da nossa internacionalização, onde as associações empresariais, como a AEP – com os seus projetos de apoio à promoção externa, apoiados pelos fundos europeus – continuarão a assumir um papel de relevo.

A internacionalização e promoção externa é precisamente uma área de intervenção na qual a AEP tem vindo a canalizar os seus esforços. Apesar do contexto particularmente adverso, continuaremos ao lado das empresas a liderar grandes campanhas de internacionalização, com uma forte presença em eventos internacionais de renome e em diversos países, sobretudo fora do espaço europeu, prosseguindo a identificação e a presença em mercados que encerram uma vastidão de oportunidades de negócio para o nosso tecido empresarial.

Edição 2022