«O pós-pandemia, a guerra na Europa e a nova ordem económica mundial ou mesmo a questão energética, como temas muito atuais e
Hipólito Ponce de Leão
Gestor de Empresas, Ex-presidente do INCI/IMOPPI
«O pós-pandemia, a guerra na Europa e a nova ordem económica mundial ou mesmo a questão energética, como temas muito atuais e pertinentes» frase inscrita no desafio colocado e que posso resumir como: pertinentes da atualidade! Uma atualidade que ninguém imaginaria em 2019, mas que chegados a novembro de 2022 consideramos a nova normalidade.
Nas palavras mais usadas nos meandros dos painéis televisivos (“fora” internacionais, e outros “summit”), anteriormente tínhamos: Sustentabilidade, Economia Circular e… Cristiano Ronaldo. Agora temos Resiliência, Incerteza e… Cristiano Ronaldo.
A pandemia deu origem a análises futuristas onde uma vez mais “Cândido” brilhou. Os golfinhos na marina de Cascais, o reencontro com o homem pequeno perante a natureza e, crendo na remissão dos seus pecados, até juras de traçar caminhos com base na Sustentabilidade e numa perspetiva de Economia Circular!
Do pós-pandemia, aos sacos plásticos em entranhas de peixes, agora acrescentamos peixes com máscara cirúrgica.
A Guerra na Europa, crónicas da Ilustração Portuguesa, na 2ª década do século passado, voltou à atualidade. Da guerra fria passou-se à guerra quente, fruto de um novo Czar frio que não contou com um POVO quente. O Czar fez o seu caminho e, com braço marcando o compasso no seu andar KGBiano, foi calcando os tapetes vermelhos que a Europa lhe foi estendendo.
A Europa, o Museu do Mundo (dos reformados). Anos a lutar pela Sustentabilidade, com base nos três pilares: Ambiente, Economia e a Pessoa, embora com gasodutos umbilicais de Moscovo e com produção deslocada para a República Popular da China.
A Europa criou a sua vida assustadoramente dependente.
“Sustentabilidade” que casa bem com “Economia Circular”, mas que facilmente é colocada de lado se a “Sociedade de Consumo” ditar suas leis ou se armas falarem mais alto, como neste momento.
Reparem:
Em outubro de 1908, a Ford colocou no mercado o Modelo T, o primeiro fabricado em série, confiável, robusto e seguro, podia ser conduzido por qualquer um e consertado, mecânica ou chapa, por qualquer um.
O soalho do veículo era construído com a madeira e o aço da caixa na qual era transportado, assim como todos os parafusos eram fornecidos à Ford em caixas de madeira com tampa aparafusada que era incorporada no veículo.
O custo unitário, baixo em relação à concorrência, foi caindo e a queda de preço foi constante: em 1908 cada modelo custava US$ 850; em 1927, último ano de sua fabricação, o preço baixou para US$ 290.
O Modelo T conquistou o público americano e de muitos outros países.
Hoje, nesta indústria do automóvel, não temos a publicidade televisiva “bate-chapas e tinta Robbialac”, temos a peça que tem que ser encomendada online. Não temos o Senhor Luís, mecânico, que “desenrascava”, temos a entrada USB para análise por computador, temos milhentos modelos com milhentas versões. Longe vai o tempo de Henry Ford que dizia «o carro é disponível em qualquer cor… desde que seja preto».
A Economia Circular tem um longo caminho a percorrer talvez na razão inversa da evolução da vida que aprendemos a não poder deixar, o consumo! O ditador consumo, ditado por quem é mais forte que qualquer ditador.
Não podia, depois dos anos que passei (e ainda passo, descansem!), deixar de fora como mais um exemplo desta nossa atualidade o setor imobiliário, onde se cruzam muitos fenómenos, alguns até já trespassaram este texto. A pedido de uma revista especializada e tentando “ler” o futuro 2023, fiz a mim mesmo a pergunta e tentei dar a resposta: Quando parará a guerra na Europa? Penso que ela se manterá condicionando 2023, e naturalmente condicionando o setor imobiliário.
Quando o mercado está estabelecido na base do m2 e não da casa ou do lar (para a família ou para a pessoa), o que condiciona não é haver filas para senhas de racionamento de géneros alimentares ou combustíveis. O que condiciona é a necessidade de ter negócio, lucrativo ou não, pela necessidade de colocar capital em países seguros coisa que o nosso país tem conseguido garantir. Pobres, mas honrados …!
O meu otimismo, como se vê pelo que escrevi, deixa um pouco a desejar, talvez veja telejornais a mais e as três mil milhões de palavras (o que em caracteres, com espaços, devem tocar o infinito) que o nosso estimado Presidente utilizou até este momento ainda não me descansaram.
Quanto a alento para o futuro esse tenho e terei: Fabrico caseiro.
E continuo … a gritar Cristiano Ronaldo.
Edição 2022
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