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Gostaria que a ênfase da minha intervenção, enquanto vice presidente da AEM, não fosse a pandemia que nos assola, mas o impacto desta na nossa

Isabel Araújo

Vice-presidente da AEMaia

Haja confiança na ciência e esperança na solidariedade

Gostaria que a ênfase da minha intervenção, enquanto vice presidente da AEM, não fosse a pandemia que nos assola, mas o impacto desta na nossa economia, aliás, na economia mundial, não permite que ignore tal facto. Diz um ditado africano que “quando há fogo na floresta o leão corre ao lado da gazela” porque, tendo um inimigo comum, correm lado a lado. Nada melhor que a sabedoria popular para compreendermos que esta crise afeta empresários e trabalhadores, que para a ultrapassar temos de caminhar juntos e que, na procura de novas soluções, cabe aos empresários o papel de encontrar o rumo certo para apagar o incêndio, em primeiro lugar, e, depois, erguer do rescaldo as nossa empresas que, dessa forma, acudirão aos nossos trabalhadores. O capital humano que amanhã, como hoje, espera de nós a capacidade e coragem de prosseguir na laboração que tão bem conhece e para a qual é uma mais-valia inestimável. A sociedade vai encontrar, no pós covid, uma nova realidade em que as associações empresariais, como o da Maia, facilitarão o surgimento de outras oportunidades. Mas que a nossa memória não seja afetada pela pandemia e, à laia de estímulo, mais que de conforto, lembremo-nos que “No Norte cada sub-região detém vantagens competitivas próprias que a tornam ideal para diversos tipos de indústrias, desde tecnológicas a sectores com elevado uso de mão-de-obra” (in N Invest). Ora, se pesquisarmos nos sites mais idóneos, verificamos que a Maia é citada e bem representada em diversos sectores tais como no têxtil e vestuário, indústrias alimentares, nos produtos metálicos, nas componentes de automóveis e em tantos outros – ainda hoje li que no nosso município se vai fabricar as caixas frigoríficas para transporte da vacinas Pfizer.

No entanto, se não queremos que a pandemia tolhe a nossa memória, também não devemos permitir que entorpeça o nosso discernimento. Devemos, por isso, aproveitar as oportunidades da situação e olhar para o teletrabalho como uma opção laboral que irá possibilitar, em muitos casos, uma produtividade tão boa ou melhor que o trabalho presencial com evidentes vantagens na redução do trânsito, logo com repercussões positivas no meio ambiente e na redução do stress de cada um. É bom de ver que, segundo diversas pesquisas publicadas, uma elevada percentagem de empresas, mesmo aquelas que nunca tinham ensaiado esta modalidade, pensam em manter o sistema de teletrabalho quando as condições a isso se ajustam. Julgamos, contudo, que um sistema misto será o prevalecente pois, apesar de tudo, o contacto humano há-de ser sempre benéfico para a sã convivência e para o desenvolvimento económico e social. Por isso, devem os gestores mais atentos acautelarem as condições ambientais e ergonómicas nas suas empresas à medida que o regresso à “normalidade” se for proporcionando.

Por fim, uma palavra de esperança: a crise de 2008, de que ainda nos ressentimos, foi menos intensa do que aquela que vivemos, mas foi mais longa; esta, de uma dureza inigualável, será mais curta e esse aspeto leva-nos a perspetivar uma recuperação acelerada, designadamente com o próximo processo de vacinação para toda a população. Haja confiança na Ciência e esperança na solidariedade.

Edição 2020