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A Região Norte é um dos principais distritos da indústria transformadora europeia. Aqui são fabricadas 40% das exportações nacionais, por uma força

António Cunha

Presidente da CCDR-N

Inovação e cooperação para gerar riqueza

A Região Norte é um dos principais distritos da indústria transformadora europeia. Aqui são fabricadas 40% das exportações nacionais, por uma força de trabalho competente que corresponde a 26% da população ativa da Região. No entanto, o valor acrescentado por trabalhador é cerca de 30% mais baixo que o da Região de Lisboa e Vale do Tejo e compara muito mal com os territórios de grande intensidade industrial do centro da Europa.

A evolução da última década foi positiva. O perfil de especialização progrediu para produtos de maior complexidade e intensidade tecnológica, nomeadamente no setor da mobilidade, com perda de peso relativo nos sectores tradicionalmente mais importes, têxtil, vestuário e calçado, que também protagonizaram avanços significativos aos níveis tecnológico e de design de produtos.

Vários projetos, com grandes e pequenas empresas, mostraram a capacidade dos tecidos económico-produtivo e científico-tecnológico da Região em se articularem em torno de processos transformadores, capazes de provocarem subidas efetivas e sustentáveis nas respetivas cadeias de valor. Exemplos sectoriais, como a grande e perene parceria o INESC TEC e indústria do calçado ou do notável número de projetos do CITEVE com a industria têxtil; os projetos colaborativos entre a Impetus e Fibrenamics ou a Bosch e a Universidade do Minho; bem como a instalação no Norte de Portugal de centros de I&D de multinacionais, como a BMW, em parceria com a Critical Software, a Vestas ou a Bosch; demostram qualidade e talento, provando que esse caminho – inovar e cooperar para gerar mais riqueza – é possível.

De facto, este é um desígnio com que a Região está confrontada e que a permitirá ir ao encontrar de um futuro que garanta melhores rememorações às pessoas que aqui trabalham e vivem. Este é o caminho para a Região conseguir reter o seu melhor talento e atrair recursos humanos e financeiros adicionais, essenciais ao seu desenvolvimento.

É o desígnio do seu principal setor de atividade económica – a indústria -, mas também de todos os outros, incluindo os vinhos e produtos da cadeia agroalimentar ou o turismo, cuja importância crescerá no futuro próximo.

Para que essa desejada e essencial transformação aconteça é necessário evoluir mais rapidamente e de forma mais musculada em três dimensões complementares:

i. A inovação e a cooperação entre as empresas e as instituições do sistema científico e tecnológico, têm que ser massificadas e tornarem-se práticas comuns. As empresas, assim como têm carteiras de fornecedores com quem desenvolvem parcerias e cumplicidades estratégicas, devem conhecer as instituições capazes de melhor responder ao seus desafios de inovação (da Região, nacionais ou estrangeiras), e com elas cooperar de forma regular.

ii. As empresas devem assumir a inovação como elemento essencial da sua estratégia de diferenciação e afirmação nos respetivos mercados. A inovação deve estrar no caminho crítico da estratégia empresarial, sendo contraproducentes apostas em projetos de laterais, que nunca serão providos dos recursos humanos e financeiros adequados e, por isso, condenados ao fracasso.

iii. As estratégias de inovação devem ser perspetivadas no contexto de uma visão lúcida de cadeia de valor o que, na maioria dos casos, recomenda uma aposta cooperativa com outras empresas dessa cadeia.

Estas apostas tornam-se especialmente pertinentes no contexto da presente década, marcado pelos novos paradigmas, também na geração de valor, associados às transformações digital e energético-ambiental. Estes processos serão acompanhados pelo aumento da centralidade do talento humano, escasso e disputado, que deverá ser cada vez menos usado em tudo que a automação assegurar. Mas também está a abrir a oportunidade de grande crescimento da atividade industrial na Europa.

Certamente que será uma nova indústria, diferente daquela que há duas décadas foi deslocalizada para Oriente, Será inteligente, criativa e sustentável, por isso, será inovadora, eficiente e de maior valor acrescentado.

Edição 2021