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O relato financeiro é indubitavelmente imbuído de técnica, pelo manuseamento dos números que perfazem a vida das empresas, tendo

Bruno Brandão

Head of Financial Management

Reporte financeiro: Técnica complexa ou senso comum?

O relato financeiro é indubitavelmente imbuído de técnica, pelo manuseamento dos números que perfazem a vida das empresas, tendo assim um relevo fundamental na conjuntura global da economia atual.

Vivemos no tempo da celeridade na circulação da informação em múltiplos canais, onde, por vezes, não se exige uma disseminação cuidada, baseada no conhecimento informado.

Neste seguimento, pode considerar-se que o reporte da informação financeira, para os diferentes agentes da economia, pode traduzir-se num risco elevado para as tomadas de decisão de cada agente económico com impacto último no sucesso da economia nacional.

Não obstante a informação estar dependente de perceções individualizadas, os reportes financeiros têm vindo a tornar-se cada vez mais fulcrais na economia moderna. É neste cenário que temos acompanhado o aumento exponencial das necessidades de relato para um número crescente de entidades. Ao mesmo tempo, estas entidades correlacionam os dados entre si, obrigando a que o Financeiro que tem essa exigência entre mãos seja um conhecedor de tudo o que se passa na empresa, pois ele lidera os processos de interação com os diferentes agentes do mercado económico.

A regulação de tudo o que interage com o mercado económico exige que o profissional em causa seja um comunicador nato, que entenda o passado do negócio, que explique o momento do mercado macro económico e que na micro economia consiga antecipar ações dos agentes económicos preponderantes para o futuro da empresa. Futuro esse que tem sempre de ser escrito num plano de negócios ou então num orçamento e que servirá sempre de apoio aos agentes económicos controladores, com o objetivo final de atingirem a compreensão plena acerca do comportamento expectável no futuro da empresa ou do mercado de ação onde o agente económico opera.

No entanto, e tal como comecei por realçar, mais informação disponível e mais agentes interessados não significa melhor qualidade de reporte. É importante a correlação dos agentes económicos, da sua função e da informação específica que manuseiam. Outra correlação importante a analisar nesta temática é a linguagem utilizada pelos profissionais da área económica como forma de comunicar com os diferentes players da realidade económica, ou seja, linguagem versus utilizadores da informação, resultando numa correspondência nem sempre sensível a todos os intervenientes.

Hoje a informação financeira circula pela administração da empresa, pelos grupos económicos, pela banca, pelos mentores, pelos Business Angels, pelo Estado, pelos clientes e pelos fornecedores. Hoje, as Empresas têm ao seu dispor cada vez mais produtos exóticos, mais agentes que intervêm na sua atividade e que nem sempre são adequados para a realidade de operação em que a empresa labora.

A economia está, por certo, numa fase de mudança, numa fase de crescimento, onde os paradigmas estão colocados em causa e onde a resiliência, a criatividade a determinação são características exigidas.

Vivemos tempos onde é importante manter a informação terrena e simples. Utilizando o anacronismo norte-americano: KISS (keep it short and simple) que exacerba a simplicidade como fator de sucesso em qualquer processo. O financeiro tem a obrigação profissional de produzir a informação simples, para que a sua linguagem seja entendida, absorvida e tornada pertença de quem a utiliza. Deve o mesmo profissional ser capaz de passar a sua paixão pelo trabalhar dos dados financeiros da empresa, dos números, sejam eles, dados projetivos ou dados históricos, pois a história consolida a confiança da empresa no seu futuro, e os dados futuros são fundamentais para tranquilizar os stakeholders e investidores diversos.

É com orgulho que me assumo como financeiro, um storyteller que prova com números aquilo que a história conta e que os diferentes relatos, dos mais diversos agentes económicos, provam. Tudo é passível de ser analisado e refutado, mas se bem escrito e com premissas baseadas na Ciência Económica e Contabilística, inibe a proliferação de informação baseada em crenças erróneas e perceções individualizadas. 

Edição 2016