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O Colégio CCG, como todas as escolas do país, encerrou portas a 16 de março de 2020. Recorde-se que este encerramento foi inicialmente decretado

Elisa Almeda

Diretora geral do Colégio CCG

Educação em Pandemia

O Colégio CCG, como todas as escolas do país, encerrou portas a 16 de março de 2020. Recorde-se que este encerramento foi inicialmente decretado com termo (previsível) a 13 de abril, o que incluindo o período de interrupção para as férias da Páscoa, não parecia ser um lapso temporal efetivamente tão substancial como a realidade veio a revelar – os alunos do ensino básico só retomariam as aulas presencias no início do ano letivo seguinte! Todavia, sabe-se que o tempo pandémico tem parâmetros cronológicos atípicos e uma vivência psicológica singular e por isso, rapidamente se percebeu que era preciso construir uma “escola à distância” que replicasse o mais fielmente possível o processo de aprendizagem e de partilha de afetos tão necessário.

Cada escola foi desafiada a cuidar das suas crianças e dos seus alunos, numa altura em que o manual de procedimentos para esta nova forma de educar e de ensinar era meramente concetual e sem qualquer respaldo escrito. E porque a escola é uma unidade que vive da diversidade de que é feito o ser humano, a criatividade e o arrojo cunharam o trabalho desenvolvido, ainda que assimetricamente, quer pela diferença dos meios envolvidos nesta tarefa, quer pela heterogeneidade da capacidade de inovação e adaptação que pautou o modus operandi de cada instituição. Este foi um processo paulatinamente afinado por cada comunidade educativa, no seio da qual se encontraram soluções para os problemas ou, por vezes, problemas para as soluções.

Num ano de exigências extremas ao nível da gestão empresarial e da gestão pedagógica, ADAPTAÇÃO foi o critério primacial das decisões de gestão empresarial e pedagógica. O foco manteve-se no cliente (crianças e famílias) e na qualidade de serviço. Nessa senda, tornou-se imperioso redesenhar o padrão da oferta educativa, adotar novas metodologias e recorrer a diferentes ferramentas, imbuídos de um processo de reinvenção educativa que acelerou e encimou o debate nacional por força das circunstâncias pandémicas.

Curiosamente, em setembro de 2019, no arranque do novo ano letivo, o CCG lançou o Projeto BYTE, um conceito de educação e ensino orientado para o Futuro, ancorado em recursos tecnológicos de última geração, visando a aquisição de competências que espelhassem uma fusão harmónica entre tecnologia e humanidade. A disciplina Projeto BYTE – Build Your Technological Element, que desde esse momento integra a oferta de escola do CCG para todos os alunos do 1.º ao 6.º ano de escolaridade, era apenas uma alavanca para algo mais abrangente.

Abarcando todas as valências do colégio, desde a creche até ao 2.º ciclo, o Projeto BYTE adapta, em função de cada faixa etária, recursos e metodologias que promovem o desenvolvimento integral de cada aluno. É neste contexto que se desenvolvem as várias disciplinas próprias do colégio que integram saberes da ordem do Ser, do Estar e do Fazer, que visam desenvolver valores como o autoconhecimento, a autoestima e a autoexigência. O perfil do aluno CCG integra características que consideramos essenciais para o futuro como sejam a inteligência emocional, o espírito crítico, o brio, o respeito por si próprio e pelo outro.

Ora, o contexto de educação e ensino à distância testou todas as aprendizagens e todas as metodologias que estavam em processo de consolidação. Acresceram ainda variáveis de cariz familiar que condicionaram fortemente o trabalho, os resultados e sobretudo o bem-estar das crianças e alunos que, de repente, se encontram numa casa que também é escola, convivendo com as vantagens e inconvenientes dessa indistinção de espaços. Sabe-se que este modelo de aulas on line descortinou clamorosamente todas as condicionantes geográficas, económicas e sociais que já existiam, revelando que as crianças e alunos das escolas privadas também não eram imunes aos efeitos deste novo paradigma.

Não obstante os diferentes graus de impacto da pandemia nas famílias, o critério socioeconómico não é suficiente para mensurar as dificuldades associadas à nova gestão familiar, à falta de tempo, ao tempo que parecia não ter fim, à escassez de recursos e às fricções que o convívio intensivo trouxe a cada lar. Cada um vivenciou estes dias de acordo com as diversas contingências em que se encontrava mas as palavras de Mia Couto foram, ocasionalmente ou não, sentidas por todos nós: “Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão. Nunca houve tanta estrada. E nunca nos visitamos tão pouco”.

Edição 2021