Revolução pode ser entendida como uma reforma, transformação ou mudança completa. Nas empresas as revoluções assentam
Filipe Gonçalves
Strategy Manager Maia Go
Revolução pode ser entendida como uma reforma, transformação ou mudança completa. Nas empresas as revoluções assentam principalmente na otimização dos processos, nos canais de escoamento e na redução de custos. Em suma, na melhoria da competitividade. Como qualquer revolução, também as revoluções industriais têm um âmbito económico, social e político.
Entre 1760 e 1840, assistimos à 1ª revolução industrial que trouxe a máquina a vapor. A 2ª revolução industrial (final do século XIX e início do século XX), introduziu a eletricidade, as linhas de montagem e a produção em massa. A 3ª revolução industrial trouxe no início na década de 60 tecnologias como semicondutores, mainframes e computadores pessoais e nos anos 90 a internet que revolucionou a indústria e todo o sistema de relacionamento e comunicação mundial.
Vivemos, atualmente, uma nova revolução industrial, designada por Indústria 4.0. Esta 4ª revolução industrial será a Revolução 2D, “D” de Digitalização e de Descarbonização.
A tecnologia e a internet foram introduzidas já na 3ª revolução industrial, mas é agora que se percebe o seu real impacto e as potencialidades, fruto da forte evolução e das novas aplicações desenvolvidas. Internet das Coisas (IoT), blockchain, aprendizagem automática, robots, processos de fabricação aditiva (e.g. impressão 3D), big data, realidade aumentada, entre outras “tecnologias” digitais, estão a revolucionar a forma como a indústria opera, se organiza e se relaciona. Por outro lado, as crescentes preocupações ambientais e as alterações climáticas exigem uma revisitação dos processos produtivos e logísticos.
Palavra de ordem: Digitalizar
A revolução digital e a transformação da economia mundial vão acelerar. Quem não se prepar e adaptar, com tempo e método, muito provavelmente irá desaparecer. Nas revoluções industriais anteriores, as empresas que mais cresceram, foram as que mais rapidamente se adaptaram e incorporaram nos seus processos as novas tecnologias.
Convém, no entanto, ter-se em conta que ser digital não significa ter um website ou uma aplicação móvel com um catálogo dos produtos disponíveis. A digitalização da indústria, vai muito para além disso e tem que ser aplicada de forma transversal a todas as fases de produção, criando modelos de negócio que assentem na interação entre o “mundo físico e o digital”, e na integração da tecnologia, pessoas, informação e processos.
Portugal encontra-se, ainda, abaixo da média da União Europeia no que se refere ao investimento na Economia Digital (20% do PIB, contra 28%). No entanto, temos assistido a fortes avanços por parte da indústria e a incentivos governamentais, havendo condições para que as empresas portuguesas acompanhem a Revolução 2D.
Descarbonização: casamento possível entre Ambiente e Economia
A descarbonização (da economia) é uma prioridade para vários países. Portugal, felizmente, não é exceção. Mais do que um objetivo estratégico ou político, trata-se na verdade de assumir um compromisso com o nosso planeta e com o futuro da humanidade.
A meta de balanço zero de gases com efeito de estufa em 2050, implicará um enorme esforço coletivo e uma profunda alteração a todos os níveis da cadeia de valor.
Será necessário um forte investimento por parte das empresas, sem no entanto se comprometer a resposta aos demais desafios hoje colocados: personalização, tempo de resposta curto e baixo preço.
Preservar o ambiente e garantir o crescimento económico é, assim, o maior desafio colocado aos empresários e aos governantes. E muitos já o aceitaram!
A ambiciosa, mas necessária, meta de carbono zero, implicará potenciar:
O terceiro D: Dinheiro
Como já referido, estes processos exigirão um forte investimento por parte das empresas e dos governos. Muitas vezes não é possível realizarem-se estes investimentos com recurso exclusivo a capitais próprios, impondo-se a necessidade de criação de mecanismos de financiamento que apoiem e alavanquem o esforço a realizar pelas empresas.
Os setores financeiro e bancário têm vindo a criar diferentes produtos e soluções que permitem apoiar a descarbonização da economia. Também o governo tem apoiado, nomeadamente através do Portugal 2020, os investimentos a efetuar nesta área e impulsionado fortemente a adoção de processos que conduzam à descarbonização.
Tratando-se de um desígnio nacional (ou mundial), não deveremos descurar a escala local. Os municípios terão sempre um papel importante nestes processos, seja através da promoção e apoio à criação de redes ou da alteração dos modelos de planeamento territorial, mas também com a necessária criação de mecanismos que potenciem, por exemplo, a redução ou isenção de derrama para as empresas que efetuarem investimentos que conduzam à revolução 2D.
Edição 2017
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