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A placa da paragem terminal do Metro ainda indica ISMAI, o nome original do que hoje é a Universidade da Maia e do seu irmão mais novo,

José Ferreira Gomes

Reitor da Universidade da Maia

Quanto vale o ensino superior para o concelho da Maia?

A placa da paragem terminal do Metro ainda indica ISMAI, o nome original do que hoje é a Universidade da Maia e do seu irmão mais novo, o Instituto Politécnico da Maia. Desde as suas origens em 1990, estas instituições de ensino superior receberam já 46 143 estudantes que aqui frequentam ou frequentaram cursos TeSP, Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos. O principal produto das instituições de ensino superior são os seus diplomados e o conhecimento, competências e atitudes que eles adquirem no seu percurso educativo e levam para as empresas (e outras organizações) onde vão criar valor. A maioria destes estudantes reside na Maia e nos concelhos vizinhos e muitos ficarão nesta mesma região, contribuindo para o grande dinamismo económico que lhe é reconhecido.

Este centro universitário da Maia é hoje o maior polo privado de ensino superior fora de Lisboa, o que traduz a confiança depositada pela sociedade e pela região nestas suas instituições de ensino superior. Estas duas instituições oferecem hoje 33 cursos universitários e 25 cursos politécnicos, com um total de 5204 estudantes. A oferta educativa é muito diversa, mas três áreas têm um papel dominante: o desporto, a psicologia e as novas tecnologias. É feito um grande esforço para aliar uma formação académica sólida a uma proximidade às empresas e às outras organizações onde os diplomados irão trabalhar. É esta dupla preocupação que explica a alta empregabilidade e a satisfação das entidades onde os diplomados desenvolvem a sua carreira profissional.

Tem sido estratégia deste centro universitário da Maia desenvolver uma oferta educativa relevante para as empresas e para a sociedade. É hoje reconhecido que aqueles domínios disciplinares irão crescer, apesar da inteligência artificial poder ”destruir” algum emprego tradicional.

É muito discutido o valor do ensino superior para a sua região de implantação. Há diversas métricas e as estimativas variam muito, porque a pergunta está mal definida. À falta de melhor medida, o impacto do ensino superior no PIB da região costuma ser medido pela sua despesa agregada somada à despesa privada dos estudantes. Para uma instituição de ensino superior estatal teremos de somar os subsídios públicos para o ensino e a investigação com as propinas pagas pelos estudantes e as suas despesas pessoais. Para as instituições privadas, o cálculo é semelhante, mas sem subsídio estatal para o ensino. É claro que não há garantia de que toda a despesa feita pela instituição fique na região, porque não existe uma fronteira económica impermeável. Os economistas utilizam uma estimativa da despesa local e um multiplicador desta despesa para calcular o impacto no PIB. Embora este possa ser um efeito importante, não é o único.

Frequentemente, argumenta-se que a atividade de investigação académica levará à criação de conhecimento que é transferido para empresas e organizações da região. Muitos estudos internacionais mostram que este canal de impacto regional de uma instituição de ensino superior tem de ser visto com muita prudência. Estudos detalhados feitos para as universidades norte-americanas mostram que só para as maiores e mais avançadas universidades se pode identificar um conjunto de empresas que vêm instalar-se na sua vizinhança para beneficiar das interações. É o caso da região norte da costa leste com algumas das melhores universidades e com um fortíssimo ambiente empresarial. Mesmo para essas grandes universidades, as receitas da comercialização de patentes e outra propriedade intelectual nunca vai além de cerca de 5% da sua despesa em investigação. Para universidades mais pequenas e mais generalistas, este efeito regional direto parece ser muito diminuto.

O impacto do ensino superior advém dos seus graduados e é tanto maior quanto mais sintonizados eles estiverem com a realidade do tecido económico regional. É esta a razão da busca permanente de interações entre aquele ensino e as organizações regionais, por duas vias principais – os docentes e os estudantes. Muitos profissionais da região são regularmente convidados como docentes em tempo parcial trazendo a sua experiência e os seus problemas para as salas de aula, assim aproximando os estudantes da sua realidade profissional. Finalmente, os estudantes finalistas em estágio curricular têm oportunidade de levar o seu conhecimento e mostrar às empresas o que lhes podem levar em modernização e criação de valor. Uma interação que se tem mostrado de grande sucesso.

Edição 2023