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Tive recentemente, o gosto de proferir uma intervenção que marcou o encerramento de uma conferência internacional sobre Economia circular.

António Silva Tiago

Presidente da Câmara Municipal da Maia

Economia circular é caminho para a sustentabilidade integral

Tive recentemente, o gosto de proferir uma intervenção que marcou o encerramento de uma conferência internacional sobre Economia circular.

Falar de uma matéria a que sou particularmente sensível, e à qual me dediquei com entusiasmo e muita esperança, ao longo de toda a minha vida pública enquanto autarca, é sempre uma reflexão muito estimulante para mim.

Sempre tive uma funda convicção de que através de um investimento devidamente planeado e estruturado, na educação ambiental focada no desenvolvimento sustentável, haveríamos de chegar ao desiderato de equacionar uma economia circular, para cujo sucesso se revela essencial, a participação proactiva e socialmente responsável dos cidadãos, das empresas e das instituições privadas e públicas.

Hoje, creio ser claro para todos, governantes e sociedade em geral, que a economia circular não é apenas mais uma opção, mas é, isso sim, a opção. É a opção para fazermos um caminho consciente e responsável para a sustentabilidade integral.

Economia linear é hoje um modelo desajustado

Extrair, produzir e descartar foi durante décadas de consumismo desenfreado, o modelo da designada economia linear. Um modelo insustentável que nos trouxe até aqui, até acordarmos para uma realidade com impactos devastadores a vários níveis, mormente ao nível do esgotamento de recursos naturais que não são finitos. E a esse problema gravíssimo, como é o esgotamento dos recursos naturais que está a provocar uma preocupante escassez, acresce outra dor de cabeça não menos preocupante, como é a produção massiva de resíduos inutilizáveis e potencialmente nocivos para os ecossistemas.

A boa nova da economia circular

A boa nova da economia circular, é que ela vai muito para além da reciclagem dos produtos.

Neste novo paradigma da economia circular, cada material é usado e reutilizado ao máximo com o mínimo de desperdício.

Claro está, que para isso, é necessário mudar radicalmente a forma de produzir, mas também de consumir.

Tudo tem de ser equacionado de forma mais inteligente, equilibrada e integralmente sustentável, desde a escolha das matérias-primas, o desenho dos produtos e o aproveitamento dos subprodutos industriais. Estes são aspetos essenciais do novo modelo.

Numa economia circular, as empresas garantem a sua autonomia e sustentabilidade futura, através da gestão completa do ciclo de vida dos produtos.

Mas esta é, sem sombra de dúvida, uma estratégia que tem de ser aplicada a todos os setores: à indústria, à agricultura e aos serviços.

Estou hoje, ainda mais convencido do que nunca, que o conceito chave da economia circular é a inovação. Razão pela qual considero absolutamente imprescindível o envolvimento comprometido das instituições que produzem Ciência e desenvolvimento tecnológico sustentável.

E a inovação ligada a este modelo de economia, é em si mesma um importante fator de crescimento e desenvolvimento económico, que aporta valor, promove novos negócios, cria novos empregos e gera riqueza. Convém, em todo o caso, que tenhamos consciência que o paradigma da economia circular, não dispensa de modo algum, métodos e conhecimento antigo e consolidado que serve perfeitamente o desígnio da sustentabilidade integral, compaginando-se harmoniosamente com os progressos que a inovação fornece para o mesmo propósito.  

É inevitável a opção por ciclos curtos baseados na reutilização e na reparação, na poupança de energia, na poupança de água e na redução ao mínimo possível, de resíduos que pela sua natureza intrínseca não podem ser reciclados nem reutilizados. E é aqui que a inovação tem um importante papel a desempenhar e, simultaneamente, um imenso mercado para crescer e financiar novos projetos de investigação e desenvolvimento de soluções tecnológicas mais sustentáveis.

A economia circular exige também mudanças no plano individual ao nível das mentalidades, para que os cidadãos inculquem como valores éticos, a ideia de que possuir menos e partilhar mais, é contribuir direta e pessoalmente para a sustentabilidade integral do Planeta, mas também para a criação de riqueza e de novos empregos ligados à economia circular.

Segundo projeções de algumas instituições com credibilidade inquestionável nesta matéria, só na Europa, a economia circular poderá gerar poupanças de 600 mil milhões de euros para as empresas, criar 170 mil empregos diretos no setor da gestão de resíduos e contribuir para a redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Alicerçado nesta visão estratégica de futuro, que tenho vindo a aprofundar no meu pensamento político sobre a boa governança do território, quero em meu nome pessoal e em nome da Câmara Municipal da Maia, de que muito me honra ser Presidente, lançar através desta edição da revista “1000 maiores empresas da Maia” cuja equipa redatorial saúdo, um repto para que reflitam no desafio que é a adoção do modelo da economia circular. Um desafio que implica opções exigentes, é certo, mas que também oferece novas oportunidades de negócio e sobretudo promove um posicionamento ambiental e socialmente mais responsável e sustentável, com inequívocos ganhos ao nível da imagem corporativa das empresas e da sua relação com o território onde se integram. Sendo que esse território é composto de uma realidade humana, social, natural, ambiental e económica, onde todas estas dimensões têm de coexistir de forma harmoniosa e integralmente sustentável para garantir futuro.

Edição 2017