Ao longo da vida, nas mais variadas vertentes profissionais que abracei, tenho tido a oportunidade de contactar com milhares de empresários e gestores Artur Bacelar Jornalista, director de informação A comunicação depende dos que lá estão Ao longo da vida, nas mais variadas vertentes profissionais que abracei, tenho tido a oportunidade de contactar com milhares de empresários e gestores. Desse modo sem me autodenominar “expert” na área (já vi arvorarem-se em tal por bastante menos), com toda a humildade, acho que posso formar uma boa opinião. Nos dias de hoje fundamental, a Comunicação continua a ser um parente pobre das empresas, na sua grande parte “encostada” no isolamento comunicativo chamado Departamento de Marketing. Hoje, para comunicar, usa-se contratar uma empresa externa “de assessoria”, que por mais profissional que seja dá um ar “metálico”, de “chiclete” e impessoal à comunicação, afastando cada vez mais a comunicação do meio de divulgação, normalmente o jornalista. É usual ainda entregar-se este departamento, um dos mais importantes na empresa, àquele filho, recém-licenciado, de um amigo que nos pede um favor de o empregar. Ora se o “puto” for bom, rapidamente vai ganhar asas e encontrará outro pouso, se por acaso for mau, rapidamente fará parte da mobília, um belo adorno, mas que nada faz. O “mau” Director de Marketing arroga-se a um nível superior aos colegas, faz questão de vincar o seu poder aos níveis inferiores, esquecendo que a sua função deveria incluir ouvidos, proximidade e simpatia. Se o não percebeu, está na profissão errada e pior está a colocar a empresa na estagnação e se o gestor for bom, certamente na linha para dispensa logo que possível. Muitas vezes os jornalistas, por sua opção editorial, fazem notícias sobre empresas e produtos usando da sua perceção para transmitir factos. Lembro-me ainda há dias de fazer notícia, separadamente, a duas marcas internacionais distintas, mas com produtos equivalentes e do mesmo segmento. A diferença é que uma tem o “marketing” em Portugal, aqui na Maia e a outra em Madrid a 700 km de distância. Se a marca “nacional” optou por ser “seca” e “insipida” na comunicação, connosco a pedir constantemente dados, sem preocupação com a foto que iria ser usada e a demorar uma eternidade nas respostas, eu diria mesmo a fazer quase um favor ao jornalista, a outra, internacional, elevava o produto a outro nível. A comunicação fazia-se em minutos, sendo o canal preferido a voz. Os títulos académicos ficavam na gaveta, a proximidade era um imperativo, sendo normal a conversa extravasar o nível profissional. O material informativo era abundante e a preocupação com as imagens colocavam até o seu portefólio e meios técnicos à disposição. Como da água para o vinho. Fácil será perceber que a “nacional” não será lembrada com facilidade e que a “internacional”, à primeira oportunidade, em noticias gerais de mercado, será escolhida para notícia. Nada tem a haver com isenção jornalística, mas sim com profissionalismo. Se por um lado o jornalista irá confiar mais na fonte que conhece e que lhe dá mais pormenores garantindo a fiabilidade, a marca vai ganhar publicidade grátis e, ao preço que se paga por essa exposição, num trabalho, o Comunicador pagará o seu salário e fará poupar milhares de euros à sua empresa. Edição 2022
Investir em Sustentabilidade é investir no Futuro
Prestes a findar o ano 2022, é com orgulho e redobrado sentido de responsabilidade que escrevo sobre a Maiambiente – a nossa empresa de recolha Marta Peneda Administradora da Maiambiente Investir em Sustentabilidade é investir no Futuro Prestes a findar o ano 2022, é com orgulho e redobrado sentido de responsabilidade que escrevo sobre a Maiambiente – a nossa empresa de recolha selectiva de resíduos e limpeza urbana que, tendo já atingido a maior das maiores idades, teve sempre a capacidade de se reinventar, ao ponto de ser hoje reconhecida, nacional e internacionalmente, como uma das mais importantes empresas do sector dos resíduos, em Portugal. Constituída em 2002, é detida a 100% pelo município da Maia e esteve sempre na vanguarda do que melhor se faz nesta área, tendo sempre optado por implementar aquelas que são consideradas as melhores práticas, no domínio da sustentabilidade ambiental e circularidade económica. Se numa primeira fase, se dedicou a criar um modelo de deposição e recolha selectiva de materiais com a construção dos 5 ecocentros do concelho e a implementação de um modelo de recolha porta-a-porta, está hoje num patamar maior de responsabilidade que, além de um conjunto de novos serviços-como a recolha de orgânicos-, passa por generalizar aquele que é considerado o modelo de tarifa mais justo, no sistema de gestão de resíduos, vulgarmente designado por PAYT. À semelhança do que já acontece nalguns países mais desenvolvidos da Europa, graças à Maiambiente, através do projecto “Recicle Mais, Pague Menos”, a Maia é o primeiro município do país onde já vigora o princípio do poluidor/pagador, em que a tarifa do serviço de gestão de resíduos urbanos, paga mensalmente, deixou de estar indexada ao consumo de água, passando a ser calculada com base na quantidade de resíduos indiferenciados efectivamente recolhidos. Para o efeito, os contentores para a deposição dos resíduos estão registados com um código no Sistema de Gestão de Dados da Maiambiente e equipados com um identificador eletrónico que permite monitorizar as recolhas efetuadas, através de instrumentação própria montada nos camiões de recolha. Esta plataforma recolhe e integra a informação recebida, relacionando o identificador eletrónico e o contentor com o cliente, e calcula, para cada um, a tarifa de gestão de resíduos com base no número de recolhas efetuado, ou seja, no volume de resíduos recolhido.O munícipe passa a pagar um valor que varia em função do número de vezes que o seu contentor de resíduos indiferenciados é recolhido. O que significa que, quanto mais reciclar, e quanto menos resíduos aí colocar, menos vezes será necessário recolher e menor é o pagamento. Ora, isto, é verdadeiramente notável! Sobretudo, porque contribui para o aumento da reciclagem e uma efectiva diminuição na produção de resíduos, numa altura em que tal se revela absolutamente crucial no cumprimento da Agenda 2030 das Nações Unidas e no combate às alterações climáticas. Por aqui também se mede o impacto que a Maiambiente continua a ter na sociedade e na mudança dos hábitos e de consumo. Se há duas décadas fomos capazes de sensibilizar e consciencializar para a importância de separação do lixo, introduzindo o termo “resíduo” como valor susceptível de integrar a cadeia da dita economia circular, somos, hoje, os primeiros a inverter o paradigma de cobrança de um serviço que, mais que nunca se exige transparente e quantificável, num sector em franca e incontornável mudança. É pois este o nosso “adn”. O que nos distingue e define enquanto empresa. Por isso assinamos: Maiambiente, um passo à frente. E cumprimos. Sem “greenwashing”! E isto só é possível graças ao apoio incondicional da autarquia e ao empenho e dedicação dos cerca de 170 funcionários que, diariamente, vestem e honram e a camisola da Maiambiente e do município da Maia. É pois a eles que dedico este texto. A eles e a todos os maiatos que, cientes do importante papel que ocupam, numa estratégia anunciada há muito, nos têm permitido manter hasteada, bem alto, uma das nossas maiores bandeiras – a do Ambiente e Qualidade de Vida! Edição 2022
Transformação Digital, Sustentabilidade e Economia Circular
Atualmente é muito comum ouvirmos falar em “revolução digital”, transformação digital, “indústria 4.0”… Mas o que significa na prática para as nossas Alexandre Teixeira Presidente da AEBA Transformação Digital, Sustentabilidade e Economia Circular Atualmente é muito comum ouvirmos falar em “revolução digital”, transformação digital, “indústria 4.0”… Mas o que significa na prática para as nossas empresas? O que está a mudar? Ou já mudou? Como se compatibiliza a transformação digital com a sustentabilidade, como desenvolver modelos de economia circular? A transformação digital atingirá de maneira disruptiva todos os setores e mercados, mais rápido do que imaginamos. As empresas estão perante realidades tão desafiantes em que poderão passar muito rapidamente de um cenário de sucesso ao desaparecimento do próprio negócio pois, mesmo usando as tecnologias, o seu sucesso estará sempre muito dependente da capacidade de compreenderem a amplitude da transformação que precisam e do desafio de implementarem as estratégias digitais o mais rapidamente possível e no tempo certo. A tecnologia tornou-se uma aliada poderosa das empresas, transformando todos os processos em “processos digitais”. Isto significa que a transformação digital é muito mais do que um instrumento de comunicação, é a utilização da tecnologia na organização e como principal meio de relacionamento com os clientes: “67% do processo de compra, agora, é realizado digitalmente. Isso significa que a estratégia digital é mais importante do que nunca.” O fluxo da transformação digital poderá ser representado pelo seguinte diagrama: digitalização → desmaterialização → desmonetização → democratização → disrupção. Para que os processos de transformação digital tenham sucesso, deverão ter início com uma avaliação estratégica do negócio, que integre de forma muito objetiva os desafios futuros e onde se consiga antecipar a forma como as tecnologias digitais poderão impactar o negócio, pensando em todas as ruturas possíveis do mercado. Toda a organização deverá estar aberta às mudanças e à reestruturação dos processos. É sempre uma vantagem liderar os processos disruptivos para que a empresa abra novas oportunidades para o seu negócio, antes da concorrência. A Transformação digital não é uma simples integração massiva de novas tecnologias, é uma revolução digital no mundo dos negócios, revolução essa acompanhada obrigatoriamente pelas preocupações com a economia circular e a sustentabilidade do planeta. As empresas terão que integrar no seu modelo de negócio soluções que permitam que o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não comprometa a satisfação das necessidades das gerações futuras. O conceito de sustentabilidade é complexo, pois reflete um conjunto de variáveis interdependentes, e integra as questões sociais, energéticas, económicas e ambientais. Qualquer negócio só será sustentável se for ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente diverso. Neste contexto a “Economia Circular” é um conceito estratégico do negócio. Este conceito assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado. A economia circular tem de ser vista como solução para que se consiga manter o crescimento económico sem o aumento no consumo de recursos que são cada vez mais escassos ou mesmo inexistentes o que levaria ao condicionamento do crescimento económico, daí que, se temos como objetivo crescer, teremos forçosamente que construir estratégias focadas e alavancadas nestes três conceitos: TRANSFORMAÇÃO DIGITAL, SUSTENTABILIDADE E ECONOMIA CIRCULAR Edição 2022
E agora?
O mundo mudou. A sociedade, designadamente as empresas e as pessoas, também mudou. Até o clima mostra sinais evidentes de mudança. E tudo afeta todos. Carlos Mendes Presidente da AEMAIA E agora? O mundo mudou. A sociedade, designadamente as empresas e as pessoas, também mudou. Até o clima mostra sinais evidentes de mudança. E tudo afeta todos. Vivemos hoje tempos diferentes, de incerteza, de instabilidade e de imprevisibilidade. Na sociedade, as redes sociais transformaram as relações sociais. As comunidades, onde o traço identitário era o geográfico, são agora uma espécie de “tribos”, sem fronteiras, que partilham interesses comuns. O mundo tornou-se pequeno, cada vez mais multicultural, multirracial e multirreligioso. Quase tudo gira à volta de um smartphone, as moedas podem ser cripto e os bens, até agora físicos, podem ser non-fungible token. No emprego, termos como o trabalho remoto ou hibrido, escritório em casa, ou webinar, passaram a fazer parte do quotidiano de uma forma quase imperativa. Viver bem é agora mais importante do que ganhar bem. A saúde e o bem-estar físico e mental, a família e a vida pessoal passaram a ser as prioridades face ao trabalho. Mas também as relações humanas, o trabalho em equipa, a diversidade ou a inclusão ganharam novo destaque. Nas empresas, a escassez generalizada de recursos humanos, principalmente os qualificados e particularmente os relacionados com setores mais tecnológicos ou mais tradicionais, são um drama. As cadeias logísticas, cada vez mais complexas por força do contexto, limitam o acesso a produtos, gerando novas dificuldades. Quase tudo tem o seu “quê” de digital, o que trouxe novos desafios ao nível da cibersegurança e o e-commerce veio modificar a forma como se compra e vende. A transição para a economia verde é não só irreversível como inadiável, seja como política de combate às alterações climáticas ou de redução da dependência energética externa. Depois de 2 anos em pandemia, situação nova e complexa, para a qual não estávamos preparados, e relativamente à qual ainda não temos certezas, chegou a guerra, igualmente nova e complexa para a generalidade dos europeus, e com reflexos um pouco por todo o mundo. Da habituação ao crescimento económico, aos juros baixos, e à inflação reduzida, vemo-nos confrontados com o oposto: a estagnação ou mesmo recessão, os juros galopantes e uma taxa de inflação que julgávamos ser parte de um passado longínquo, e que a todos impacta. O futuro é incerto, mas existirá. A mudança também. Como quase sempre, é nas dificuldades que se encontram as melhores oportunidades. A resiliência será sempre uma virtude e a inovação será sempre uma vantagem. O fortalecimento da cultura, o desenvolvimento de parcerias, a atração de talentos, são novos objetivos, mas o maior será cada vez mais o foco no cliente, na qualidade e no preço de produtos e serviços, e principalmente no “resultado da experiência”. Ao poder central e ao poder local, compete criar as melhores condições de confiança e previsibilidade na economia, libertando-a da asfixia fiscal e do emaranhado legal, estimulando uma sobrevida às empresas existentes e maior atratividade às novas. No final de contas, competirá às empresas serem o que sempre foram, criadoras de emprego, de riqueza e de conhecimento, motores da sociedade, com ética, responsabilidade e ambição, respeitando o ambiente e mais importante do que nunca com foco nas pessoas. Às associações empresariais e à AEMaia em particular, caberá o papel de representar, defender e promover o tecido empresarial do concelho, o que muito nos honra. Agora, como nunca, faz sentido o famoso proverbio: “..sozinhos vamos mais rápido, juntos vamos mais longe..”. Uma verdade intemporal e universal. Edição 2022
Resiliência ao quadrado
A Revista “1000 Maiores Empresas do Concelho da Maia” começa a tornar-se um caso sério de balanço e prospetiva. No ano passado escrevi sobre Inácio Fialho Almeida Administrador do TECMAIA Resiliência ao quadrado A Revista “1000 Maiores Empresas do Concelho da Maia” começa a tornar-se um caso sério de balanço e prospetiva. No ano passado escrevi sobre o terrível período que a pandemia da Covid-19 lançou sobre as empresas e os profissionais e, agora, juntamos-lhe uma experiência que julgávamos ultrapassada com a criação, em 1945, das Nações Unidas. A guerra que a Federação Russa levou para o território da Ucrânia não surpreendeu os analistas, mas deixou chocadas todas as pessoas que não concebem este cenário em pleno século XXI, e muito menos no continente com as políticas sociais mais progressistas do nosso planeta. Um conflito indesculpável e que acentua a pressão da inflação, da fatura energética e dos problemas mais urgentes, como o da sustentabilidade ambiental. O TECMAIA, como parque empresarial, também sentiu, direta e indiretamente, estes desafios. Recordo-me como foi comovente, assim que começaram a aparecer as primeiras imagens dos refugiados ucranianos, de ver a participação das empresas instaladas na campanha que, numa primeira fase sozinhos e depois com o apoio de várias instituições do município, lançámos de apoio à Ucrânia. A par disso, preparámos um dossier completo sobre todas as oportunidades de carreira em aberto, incorporando especialmente os programas que algumas empresas desenharam propositadamente para profissionais ucranianos. Como seria esperado, também fomos respondendo e acompanhando empresas que manifestaram a intenção de se deslocalizar da Ucrânia para Portugal. A maioria delas de perfil tecnológico e com equipas altamente qualificadas. Ainda que a atualidade nos deixasse emocionalmente inquietos, fomos progredindo noutras áreas onde entendemos ser também o papel do TECMAIA para a comunidade. E aí, o projeto da Academia TECMAIA foi, sem dúvida, o mais vibrante. Um projeto que esteve em lume brando devido à pandemia, mas que teve a sua primeira sessão este ano. E com resultados muito encorajadores. Durante duas semanas, acolhemos um grupo bastante dinâmico, interessado e heterogéneo nos percursos pessoais e profissionais – uma mais valia para a partilha e crescimento. Com o propósito de capacitar, com princípios básicos, para a gestão, o empreendedorismo e a negociação, convidámos dez personalidades que, sendo especialistas nas suas áreas de atuação, confirmaram que o presencial será sempre mais enriquecedor que o digital. Depois das dez sessões nas nossas salas de formação/conferência, que resultaram numa avaliação de 4,64 em 5 (!), temos mantido a proximidade ao grupo com convites para novas iniciativas que complementam os conteúdos e permitem aprimorar o conhecimento adquirido. A Academia TECMAIA voltará, seguramente, no próximo ano. Conscientes das exigências do ecossistema, temos também apostado em corresponder às expectativas das empresas e dos profissionais num mercado de trabalho altamente competitivo e onde o jogo da atração e da retenção é feroz. A aposta numa aproximação do parque às instituições de ensino superior foi reforçada, sendo provas disso a primeira Feira de Emprego que realizamos no campus da Universidade da Maia e do Instituto Politécnico da Maia, assim como os vários projetos desenvolvidos com o ISCAP, do Politécnico do Porto. Depois, e porque a necessidade de devolver à comunidade é, e muito bem, cada vez mais exigida, realizámos a primeira Mostra de Voluntariado do TECMAIA. Um formato que juntou várias instituições de cariz social e cívico que procuram pessoas que queiram contribuir com o seu tempo para a produção da felicidade. É com satisfação que confirmamos que as empresas têm as suas práticas de voluntariado corporativo a decorrer e que estão interessadas em optimizá-las para que a resposta seja impactante e séria. Em colaboração com a IASP, a associação internacional de parques de ciência e tecnologia, recebemos ainda o resultado de um estudo académico internacional que atribui ao TECMAIA um impacto social de €250 milhões. Um número que valoriza a marca, as empresas, os profissionais, a Maia e Portugal. Um número que confirma que os últimos 23 anos do Parque de Ciência e Tecnologia da Maia foram uma aposta ganha e que reforça a importância estratégica destes ecossistemas de inovação e desenvolvimento. Edição 2022
Depois da pandemia, a guerra na Ucrânia
Durante anos a fio, sempre que nos referíamos à importância de conhecer a “história” e de procurar perceber os movimentos da “geopolítica internacional”, Paulo Ramalho Vereador da CM Maia Depois da pandemia, a guerra na Ucrânia Durante anos a fio, sempre que nos referíamos à importância de conhecer a “história” e de procurar perceber os movimentos da “geopolítica internacional”, éramos frequentemente ouvidos com pouca atenção. Recordo-me a propósito, das primeiras conferências sobre temas da realidade internacional que promovemos na Câmara Municipal, aliadas à “World Press Photo”. Por ali passaram nomes como Azeredo Lopes, José Manuel Félix Ribeiro, Paulo Rangel, Bernardo Ivo Cruz, Carlos Branco, Ana Isabel Xavier, Raquel Vaz Pinto, Henrique Burnay, Bruno Cardoso Reis, Sandra Fernandes, Fernando Jorge Cardoso e muitos outros que vemos frequentemente nos últimos meses (alguns mesmo quase todos os dias…) a comentar os desenvolvimentos da guerra na Ucrânia nos diversos canais de televisão. Falamos do crescimento e da estratégia da China, da primavera árabe, do crescimento dos movimentos de extrema-direita, dos desafios da União Europeia, da Agenda 2030, dos atentados terroristas, do Brexit, da importância das eleições americanas, das consequências da pandemia e de muitos outros assuntos que normalmente não mobilizam a especial atenção da maioria dos cidadãos, mas que num mundo fortemente globalizado e interdependente, sabemos bem que acabam sempre por influenciar as nossas vidas, provocar e acelerar mudanças, independentemente da nossa vontade ou grau de perceção. Por outro lado, nunca tivemos dúvidas, que em tempos de grande volatilidade e incerteza, de constantes mudanças, como aqueles que têm caracterizado estas duas últimas décadas, a capacidade de antecipar está sempre ligada ao maior conhecimento da realidade e de toda a sua envolvência. E mesmo assim, podemos sempre ser surpreendidos com algo absolutamente imprevisível, como aconteceu em 2020 com a pandemia por Covid-19, que de um momento para o outro quase paralisou o mundo. Ora, hoje, com a guerra na Ucrânia, voltamos todos a prestar mais atenção à história, à II Guerra Mundial, à queda do Muro de Berlim e da União Soviética, ao fim da Guerra Fria, e até ouvimos falar novamente de “czares” e do “Império Russo”. Até já percebemos de misseis e drones, e voltamos a falar do risco de uma guerra nuclear. Mas mais, para além de termos concluído que a paz na Europa afinal não era um dado adquirido, estamos todos a constatar que a guerra entre dois países no centro da Europa está a provocar graves danos nas nossas vidas, nós simples cidadãos, nós instituições, nós empresas, que até estamos bem distantes do local onde se desenvolve o conflito. O custo da energia, dos combustíveis, das matérias-primas e dos alimentos não param de subir. A tendência inflacionista que já se vinha sentindo no último semestre do ano passado ganhou tal impulso com a guerra na Ucrânia, que nesta altura já atinge cerca de 10% na Europa. O próprio Banco Central Europeu viu-se “obrigado a subir as taxas de juro” e os nossos empréstimos ficaram mais caros, quando ainda há bem pouco tempo ouvíamos falar de taxas de juro negativas… Planear com esta volatilidade, insegurança e incerteza é nesta altura um exercício quase impossível, quer para as empresas, quer para as famílias. O índice de imprevisibilidade é muito elevado. Por outro lado, nós que estávamos a voltar à normalidade e ao crescimento económico depois de finda a pandemia, estamos novamente a caminho da recessão. A Alemanha, a economia mais forte da União Europeia, já o admitiu. Não tenho dúvidas das dificuldades dos tempos que vivemos, e é bem possível que o pior esteja ainda para vir. Ninguém sabe ao certo quando terminará, e como terminará este conflito entre a Federação Russa e a Ucrânia. Na verdade, não me parece que esta guerra se resuma apenas à disputa e domínio sobre os territórios da Crimeia e do Donbass ou ao acesso ao Mar Negro, mesmo que animada por questões relacionadas com o fornecimento de gás e petróleo… Mas há algo de que tenho a certeza, não podemos vacilar na defesa dos nossos valores, na defesa da dignidade da pessoa humana e do respeito pelo direito internacional. Sendo que terminada esta guerra, teremos seguramente mudanças na geopolítica mundial, nas relações de poder e na geometria económica. E se a pandemia acelerou a transição digital, esta guerra vai no limite, acelerar a transição energética… Edição 2022
Pobres mas honrados…!
«O pós-pandemia, a guerra na Europa e a nova ordem económica mundial ou mesmo a questão energética, como temas muito atuais e Hipólito Ponce de Leão Gestor de Empresas, Ex-presidente do INCI/IMOPPI Pobres mas honrados…! «O pós-pandemia, a guerra na Europa e a nova ordem económica mundial ou mesmo a questão energética, como temas muito atuais e pertinentes» frase inscrita no desafio colocado e que posso resumir como: pertinentes da atualidade! Uma atualidade que ninguém imaginaria em 2019, mas que chegados a novembro de 2022 consideramos a nova normalidade. Nas palavras mais usadas nos meandros dos painéis televisivos (“fora” internacionais, e outros “summit”), anteriormente tínhamos: Sustentabilidade, Economia Circular e… Cristiano Ronaldo. Agora temos Resiliência, Incerteza e… Cristiano Ronaldo. A pandemia deu origem a análises futuristas onde uma vez mais “Cândido” brilhou. Os golfinhos na marina de Cascais, o reencontro com o homem pequeno perante a natureza e, crendo na remissão dos seus pecados, até juras de traçar caminhos com base na Sustentabilidade e numa perspetiva de Economia Circular! Do pós-pandemia, aos sacos plásticos em entranhas de peixes, agora acrescentamos peixes com máscara cirúrgica. A Guerra na Europa, crónicas da Ilustração Portuguesa, na 2ª década do século passado, voltou à atualidade. Da guerra fria passou-se à guerra quente, fruto de um novo Czar frio que não contou com um POVO quente. O Czar fez o seu caminho e, com braço marcando o compasso no seu andar KGBiano, foi calcando os tapetes vermelhos que a Europa lhe foi estendendo. A Europa, o Museu do Mundo (dos reformados). Anos a lutar pela Sustentabilidade, com base nos três pilares: Ambiente, Economia e a Pessoa, embora com gasodutos umbilicais de Moscovo e com produção deslocada para a República Popular da China. A Europa criou a sua vida assustadoramente dependente. “Sustentabilidade” que casa bem com “Economia Circular”, mas que facilmente é colocada de lado se a “Sociedade de Consumo” ditar suas leis ou se armas falarem mais alto, como neste momento. Reparem: Em outubro de 1908, a Ford colocou no mercado o Modelo T, o primeiro fabricado em série, confiável, robusto e seguro, podia ser conduzido por qualquer um e consertado, mecânica ou chapa, por qualquer um. O soalho do veículo era construído com a madeira e o aço da caixa na qual era transportado, assim como todos os parafusos eram fornecidos à Ford em caixas de madeira com tampa aparafusada que era incorporada no veículo. O custo unitário, baixo em relação à concorrência, foi caindo e a queda de preço foi constante: em 1908 cada modelo custava US$ 850; em 1927, último ano de sua fabricação, o preço baixou para US$ 290. O Modelo T conquistou o público americano e de muitos outros países. Hoje, nesta indústria do automóvel, não temos a publicidade televisiva “bate-chapas e tinta Robbialac”, temos a peça que tem que ser encomendada online. Não temos o Senhor Luís, mecânico, que “desenrascava”, temos a entrada USB para análise por computador, temos milhentos modelos com milhentas versões. Longe vai o tempo de Henry Ford que dizia «o carro é disponível em qualquer cor… desde que seja preto». A Economia Circular tem um longo caminho a percorrer talvez na razão inversa da evolução da vida que aprendemos a não poder deixar, o consumo! O ditador consumo, ditado por quem é mais forte que qualquer ditador. Não podia, depois dos anos que passei (e ainda passo, descansem!), deixar de fora como mais um exemplo desta nossa atualidade o setor imobiliário, onde se cruzam muitos fenómenos, alguns até já trespassaram este texto. A pedido de uma revista especializada e tentando “ler” o futuro 2023, fiz a mim mesmo a pergunta e tentei dar a resposta: Quando parará a guerra na Europa? Penso que ela se manterá condicionando 2023, e naturalmente condicionando o setor imobiliário. Quando o mercado está estabelecido na base do m2 e não da casa ou do lar (para a família ou para a pessoa), o que condiciona não é haver filas para senhas de racionamento de géneros alimentares ou combustíveis. O que condiciona é a necessidade de ter negócio, lucrativo ou não, pela necessidade de colocar capital em países seguros coisa que o nosso país tem conseguido garantir. Pobres, mas honrados …! O meu otimismo, como se vê pelo que escrevi, deixa um pouco a desejar, talvez veja telejornais a mais e as três mil milhões de palavras (o que em caracteres, com espaços, devem tocar o infinito) que o nosso estimado Presidente utilizou até este momento ainda não me descansaram. Quanto a alento para o futuro esse tenho e terei: Fabrico caseiro. E continuo … a gritar Cristiano Ronaldo. Edição 2022
Tempo de investir e exportar ainda maia, olhando além das nuvens negras no horizonte
O ano de 2022 foi marcado por muitas nuvens negras que ensombraram o contexto internacional e se repercutiram negativamente na vida das Paulo Vaz Administrador da AEP Tempo de investir e exportar ainda maia, olhando além das nuvens negras no horizonte O ano de 2022 foi marcado por muitas nuvens negras que ensombraram o contexto internacional e se repercutiram negativamente na vida das nossas empresas e das nossas famílias. A guerra na Ucrânia, desde logo, mas também outros desafios da conjuntura externa (como a política de Covid zero na China, apenas recentemente aliviada), incluindo as disrupções nas cadeias de abastecimento, geraram um forte agravamento dos custos das empresas nacionais ao longo do ano, mais nuns setores do que noutros, em particular naqueles com maior peso dos custos da energia, que dispararam de uma forma já não vista há bastante décadas. Os dados mostram que o agravamento desses custos tem sido repercutido apenas parcialmente até ao consumidor final (basta comparar o aumento homólogo de mais de 30% do índice de preço na produção industrial em novembro com a subida próxima de 10% do índice de preços no consumidor nesse mês), comprimindo enormemente as margens das empresas mais expostas e gerando situações cada vez mais insustentáveis em muitas delas, pese embora o aumento global bastante significativo de atividade em 2022, que deve ser devidamente enquadrado e explicado. É de realçar a fortíssima retoma do indicador de intensidade exportadora, isto é, do peso das exportações de bens e serviços no PIB, que permite aferir o avanço no processo de internacionalização da economia portuguesa. Este indicador, após um enorme retrocesso durante o período da pandemia (para 22,4% do PIB no segundo trimestre de 2020), para níveis de uma década atrás, recuperou em 2021 e 2022, tendo atingindo um novo máximo no 3º trimestre deste ano (51,8%, repartidos entre 35,4% nos bens e 16,4% nos serviços), já largamente acima do anterior máximo pré-pandemia (43,9% no 4º trimestre de 2019: 29,5% nos bens e 14,5% nos serviços). Este avanço da intensidade exportadora para novos máximos, significando que as exportações cresceram acima da progressão historicamente elevada do PIB num contexto particularmente desfavorável (pandemia seguida de guerra, eventos relativamente raros em termos históricos), é uma verdadeira façanha das nossas empresas e empresários, mostrando a sua resiliência nos tempos mais difíceis e uma grande capacidade de penetração e de ganhos de quota nos mercados internacionais, como que navegadores e descobridores avançando entre marés muito agitadas! Isto foi conseguido com uma progressão relativamente modesta do investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), que o Banco de Portugal espera cresça apenas 1,3% em 2022. Indo mais para trás, os dados das contas nacionais do INE relativas ao terceiro trimestre de 2022 mostram que, comparando com o mesmo trimestre de 2019, as exportações aumentaram 11% em volume, enquanto o investimento apenas subiu 6,4%. É, pois, tempo de estimular e apoiar o investimento e de ver para lá das nuvens negras no horizonte, de modo a fazer progredir ainda mais as nossas exportações e a intensidade exportadora, pois só assim é possível melhorar de forma sustentada o nível de vida da nossa população para níveis mais próximos dos países europeus mais desenvolvidos, dada a relativa exiguidade do nosso mercado interno. Estou certo do desejo das empresas em investir e exportar cada vez mais, em novos mercados e nos atuais, mas tal não depende apenas delas. O contexto internacional continuará difícil em 2023, porém espera-se que prossiga a tendência mais recente ao nível do desagravamento de vários custos, nomeadamente os da energia, do transporte marítimo e das matérias-primas. Estou também certo de que a conjuntura adversa dificultará, mas não será impedimento ao progresso da nossa internacionalização, onde as associações empresariais, como a AEP – com os seus projetos de apoio à promoção externa, apoiados pelos fundos europeus – continuarão a assumir um papel de relevo. A internacionalização e promoção externa é precisamente uma área de intervenção na qual a AEP tem vindo a canalizar os seus esforços. Apesar do contexto particularmente adverso, continuaremos ao lado das empresas a liderar grandes campanhas de internacionalização, com uma forte presença em eventos internacionais de renome e em diversos países, sobretudo fora do espaço europeu, prosseguindo a identificação e a presença em mercados que encerram uma vastidão de oportunidades de negócio para o nosso tecido empresarial. Edição 2022
Anos muito desafiantes…
Os diagnósticos sobre a evolução recente da economia portuguesa, Luís Miguel Ribeiro Presidente da AEP Anos muito desafiantes… Os diagnósticos sobre a evolução recente da economia portuguesa, como é o caso dos divulgados nos recentes estudos da AEP, “Do Pré ao Pós Pandemia: Os novos desafios” e “Do Pré ao Pós Pandemia: Os impactos da guerra”, apontam para um crescimento manifestamente insuficiente, mesmo antes da pandemia e da guerra na Europa. Ao longo das duas últimas décadas crescemos a um ritmo médio anual inferior a 1%, sem se vislumbrar uma trajetória clara, robusta e contínua de convergência. Ora estamos a convergir com a média europeia ora estamos a divergir. Mas, mais do que comparar com a média, devemos comparar com os países europeus que são nossos concorrentes, que entraram depois de nós na União Europeia e que nos estão a ultrapassar em crescimento e em nível de desenvolvimento económico. Vários países já nos ultrapassaram e as mais recentes projeções da Comissão Europeia apontam para que a Roménia – o país mais pobre da União Europeia há não muitos anos – nos ultrapassará em nível de vida em 2024. Contudo, essa possibilidade só pode surpreender os mais distraídos, pois há precisamente um ano, antes da guerra na Europa, as previsões da Comissão Europeia apontavam que a Roménia nos iria ultrapassar já em 2023, conforme sublinhou a AEP nos seus estudos. Esta incapacidade de crescermos mais e melhor assenta no problema central da produtividade da nossa economia, de apenas 64% da média da União Europeia, se considerarmos a produtividade por hora trabalhada, com Portugal a ocupar a quarta pior posição no conjunto dos vinte e sete países. O problema da produtividade radica num conjunto vasto e complexo de fatores, alguns dos quais internos às empresas (como é o caso da sua dimensão), mas a esmagadora maioria tem causas externas (exógenas à empresa), isto é, tem a ver com uma envolvente ao desenvolvimento da atividade empresarial pouco favorável. Mesmo na questão da dimensão, as políticas públicas nacionais como que “desincentivam” ao crescimento e aos ganhos de escala empresarial (aspetos fundamentais para penetrar em mercados mais longínquos), nomeadamente pela maior tributação dos seus lucros. O facto de Portugal ter a maior taxa máxima de IRC combinada no contexto dos países da OCDE denuncia de forma bem visível um enquadramento fiscal pouco amigável! Para além da escala, outra matéria fortemente correlacionada com a produtividade é a qualificação dos recursos humanos. E, apesar dos progressos, continuamos com um longo caminho a percorrer. Em paralelo como desafio da qualificação, Portugal deve reforçar o peso do investimento e das exportações no PIB, onde evidencia valores substancialmente mais baixos quando comparados com mercados europeus de dimensão semelhante ao nosso e que são nossos concorrentes. No investimento, é de relevar o papel das empresas privadas, o setor que mais tem contribuído para aumentar a taxa de investimento no nosso país. O peso do investimento empresarial privado no total do investimento da economia é de cerca de dois terços, sendo de sublinhar o peso do I&D empresarial. Já o peso do investimento público no investimento global da economia reduziu para metade (de 26% em 2010 para 13% em 2021). Nas exportações, devemos caminhar para reforçar o valor da intensidade exportadora, mais em linha com o valor de países de dimensão semelhante a Portugal. A AEP propõe atingir 63% em 2030, ou seja, 10 pontos percentuais acima da meta oficial do governo. Vejo, nas nossas empresas, a capacidade de lá chegar, assim haja vontade política para proporcionar um ambiente que fomente a melhoria da produtividade e competitividade das empresas nos mercados internacionais. Aumentar as exportações – em termos líquidos de importações – é fundamental para voltarmos a alcançar um excedente da balança de bens e serviços, que Portugal registou entre 2013 e 2019 e que foi interrompido no período da pandemia. Mantemos o desafio de alargar a base exportadora, isto é, pôr mais empresas a exportar e a exportar com mais valor, bem como diversificar mercados, por forma a diminuir a elevada concentração do valor exportado num reduzido número de empresas e de mercados. A diversificação de mercados é muito importante, sobretudo tendo em conta as perspetivas de forte abrandamento (e até recessão) em alguns dos nossos principais mercados de destino das exportações. É importante não esquecer que Portugal dirige mais de 70% das exportações de bens para a União Europeia. Vamos entrar num novo ano, altura em que invariavelmente refletimos sobre o que esperar para 2023. As mais recentes projeções do Banco de Portugal, divulgadas no Boletim Económico de dezembro, apontam para um crescimento da economia portuguesa de 1,5%, que embora esteja alinhado com a previsão inscrita no Orçamento do Estado para 2023 (1,3%) é mais do dobro das mais recentes projeções da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional (0,7% em ambos os casos). Oxalá o Banco de Portugal venha a ter mais razão do que a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional. Por componentes do PIB, é esperado um forte abrandamento do consumo e das exportações. Significa que o crescimento económico em 2023 assentará em grande parte num maior dinamismo do investimento. É, também, por isso que o impulso da execução dos fundos europeus, quer do Plano de Recuperação e Resiliência quer do Portugal 2030, é fundamental. Aponta-se para o clima de grande incerteza, a erosão do poder de compra, o aperto das condições financeiras e o enfraquecimento da procura externa, embora se perspetive uma melhoria deste cenário no segundo semestre do próximo ano. Este contexto de enorme incerteza torna extremamente difícil qualquer exercício de planeamento. Uma coisa é certa (embora dependendo de cada setor de atividade), em 2022 as empresas têm estado a comprimir as suas margens de negócio, situação que tem impacto na solidez financeira das empresas, pelo que resolver o problema da sua capitalização, que já vinha de trás, adquire agora uma importância acrescida. As políticas públicas devem proporcionar, de uma vez por todas, um ambiente mais favorável ao desenvolvimento da atividade económica –
Somos um ecossistema humano, social e económico, dinâmico e vibrante, num território bom para viver, trabalhar, empreender e investir
Intitulo este meu texto com uma afirmação forte e categórica que é, António Silva Tiago Presidente da Câmara Municipal da Maia Somos um ecossistema humano, social e económico, dinâmico e vibrante, num território bom para viver, trabalhar, empreender e investir Intitulo este meu texto com uma afirmação forte e categórica que é, em si mesma, uma equação virtuosa que nos permite chegar às soluções ideais para alcançar os resultados que sustentam esta visão. Na verdade, o capital mais precioso que a Maia tem, é sem dúvida o seu imenso potencial humano. As maiatas e os maiatos são pessoas dotadas de uma energia criativa e transformadora, a que juntam capacitação académica, científica e profissional de alto desempenho, qualidades ainda acrescidas de talento e vontade de fazer acontecer. E isso constitui, sem dúvida, um fator crítico para o sucesso da Maia, um fator que faz a diferença, toda a diferença. Enquanto sociedade, a Maia é uma comunidade concelhia que congrega no seu seio cidadãos responsáveis e cientes do seu papel cívico, político e solidário. Creio que somos, cada vez mais, um ecossistema humano e social onde todos contam e são importantes e onde todos somos responsáveis por todos. E esta é uma realidade que tem impulsionado a participação cívica democrática a vários níveis e tem contribuído para a coesão e Paz social, facilitando o desenvolvimento humano e social, quer a nível individual, como no plano coletivo. Quanto à economia local, o seu vibrante dinamismo é atestado por entidades independentes que colocam a Maia no podium dos melhores municípios em matéria de economia e empregabilidade, como recentemente aconteceu, quando me desloquei a Coimbra, para receber o Prémio de 2.º melhor município português nesses indicadores, tendo ficado em 1.º lugar, a capital do país, Lisboa, e na 3.ª posição, a seguir à Maia, o Município de Famalicão, que reúne no seu território dois gigantes exportadores. O INTEC, entidade que realizou os estudos conducentes à atribuição desses prémios, destacou igualmente a Maia, com um 3.º lugar no podium, dos melhores municípios em matéria de mobilidade e segurança rodoviária. Importa ainda sublinhar, que o Município da Maia, num outro ranking determinado por entidades independentes de inegável prestígio e credibilidade, como a Ordem dos Contabilistas Certificados, o Tribunal de Contas, a Universidade do Minho e outras entidades académicas de reconhecida validade científica, classificaram o Município da Maia em 1.º lugar, no distrito do Porto e em 3.º lugar a nível nacional, entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, em matéria de eficiência e eficácia financeira, destacando a excelente performance no que alude à independência financeira da nossa autarquia. É claro que há todo um trabalho feito com tenacidade, orientado por uma visão estratégica de futuro, que nos obriga a manter permanentemente o foco nas metas e objetivos estratégicos que traçamos e prosseguimos, gerindo com rigor e toda a parcimónia, os recursos humanos, os recursos materiais e patrimoniais e, principalmente, os recursos financeiros, que como todos bem sabemos, não são ilimitados, pelo contrário, são cada vez mais escassos. Temos um território bom para viver, com boas infraestruturas de serviços, com condições para proporcionar uma qualidade de vida e uma qualidade ambiental cujos indicadores estão bastante acima da média nacional e, perfeitamente, em linha com os melhores indicadores europeus. Temos mais de 2 milhões de metros quadrados de áreas verdes, em parques, jardins e espaços de lazer de iniciativa municipal, num rácio que já se situa nos 12 m2 por habitante. Como temos também uma rede de equipamentos desportivos de alta qualidade, que permitem uma prática generalizada de desporto para todos, mas também dispomos de diversos centros de alto rendimento, que facilitam a preparação dos nossos atletas de alta competição, que por esse Mundo fora têm subido aos podiums com Ouro, Prata e Bronze ao peito. Mas temos igualmente, uma série de equipamentos culturais que proporcionam a pura fruição estética ou o saudável entretenimento e diversão. A resposta às necessidades das famílias, quer em matéria de Educação, como ao nível do suporte social para quem trabalha, é na Maia um ponto de honra e constitui para o Município e para a comunidade concelhia, um dos seus mais relevantes desígnios coletivos. Dispomos de uma rede escolar que tem vindo a ser requalificada e que muito em breve, será uma das melhores em toda a região e mesmo no país. No apoio às famílias cujos pais têm horários desfasados com os horários escolares, sobretudo quando os filhos ainda são muito pequenos, está montada e ao seu dispor, uma rede de suporte social que lhes presta esse serviço, garantindo a segurança, o conforto e o cuidado devido aos seus filhos, enquanto os pais trabalham. Estamos a dar passos muito largos e consistentes para nos tornarmos também um ecossistema integralmente sustentável, com as condições necessárias e ótimas para trabalhar, empreender e investir. É com esse propósito que apostamos com determinação e objetividade estratégica, no planeamento atempado e numa gestão rigorosa dos atributos e do potencial endógeno do território concelhio, para criar as melhores condições possíveis para quem cá vive ou para cá quer vir viver, para quem cá trabalha, empreende e investe, se sinta bem, realizado, recompensado e feliz. Nesta equação virtuosa que combina as diversas dimensões de uma comunidade, como a dimensão humana, social, económica, territorial e política, o resultado esperado e o único que é certo e lhe dá pleno sentido, é a felicidade individual e coletiva. E é na resolução dessa equação que me foco dia-a-dia, trabalhando entusiasticamente, com a alegria de servir a minha comunidade concelhia, dando o meu melhor contributo para que todos tenham um futuro de confiança, sejam felizes e possam sorrir para a vida. Edição 2022