A relação entre o concelho da Maia e a Universidade da Maia – UMAIA é uma relação de forte interdependência. José Luís Reis Diretor do Departamento de Ciências Empresariais da Universidade da Maia Relação entre o tecido empresarial do concelho da Maia e a Universidade da Maia A relação entre o concelho da Maia e a Universidade da Maia – UMAIA é uma relação de forte interdependência. A UMAIA é um dos principais motores económicos e sociais do concelho, contribuindo para a criação de emprego, a atração de investimento e para o desenvolvimento da cultura e do conhecimento. A UMAIA está localizada no centro do concelho da Maia, no campus da Maiêutica, na freguesia de Castêlo da Maia. O campus universitário ocupa uma área de cerca de 70.000 m2 e conta com mais de 5.000 estudantes. A UMAIA oferece uma vasta gama de cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento, nas áreas das Ciências da Educação Física e Desporto, das Ciências Sociais e do Comportamento, Ciências da Comunicação e Tecnologias da Informação e das Ciências Empresariais. Os seus cursos são reconhecidos pela qualidade do ensino e pela sua relevância para o mercado de trabalho. De acordo com dados da Associação Empresarial da Maia (AEMAIA), o concelho conta com cerca de 14 mil empresas, das quais 95% são PME. A indústria é o setor mais importante da economia maiata, representando cerca de 40% do emprego e do valor acrescentado. Os principais subsectores industriais são a metalurgia, a química, a têxtil e a alimentar. O comércio é outro setor importante, representando cerca de 30% do emprego e do valor acrescentado. O comércio local é o mais relevante, mas o comércio internacional também é significativo, sendo o concelho da Maia um importante centro de distribuição para a região Norte de Portugal. Os serviços são o setor que mais tem crescido nos últimos anos, representando cerca de 30% do emprego e do valor acrescentado. Os principais subsectores de serviços são os transportes, a logística, o turismo e as tecnologias de informação. De realçar a Zona Industrial da Maia (ZIM) vizinha da UMAIA. A ZIM é uma zona industrial moderna e diversificada, que alberga empresas de diversos setores de atividade. A relação entre a UMAIA e o tecido empresarial da Maia é uma relação de complementaridade, pois existe uma necessidade de trabalhadores qualificados, que a UMAIA consegue capacitar com oferta educativa nas áreas da Gestão de Empresas, Gestão de Marketing, Gestão de Recursos Humanos, Turismo, Energias Renováveis, Multimédia, Informática e Transformação Digital. Assim, a UMAIA tem um impacto significativo no tecido empresarial da Maia, através da formação de recursos humanos qualificados. Os estudantes da UMAIA adquirem competências técnicas e científicas, essenciais para o desenvolvimento das empresas do concelho da Maia. Além disso, os estudantes da UMAIA desenvolvem o espírito empreendedor, contribuindo para a criação de novas empresas no concelho da Maia, nomeadamente com o papel determinante que a sua júnior empresa RiseUP UMAIA tem na captação dos talentos. O tecido empresarial tem também tem um impacto significativo na UMAIA, através da oferta de estágios e empregos aos estudantes da UMAIA. Os estágios permitem aos estudantes adquirir experiência prática, enquanto os empregos permitem a alguns dos estudantes, principalmente aos do regime noturno, financiarem os seus estudos. A complementaridade entre o tecido empresarial da Maia e a UMAIA, são consubstanciados na realização de projetos de investigação e de inovação, na promoção de eventos e em parcerias estratégicas, sendo por isso uma relação mutuamente benéfica, que contribui para o desenvolvimento económico e social do concelho da Maia. Edição 2023
Marketing 5.0: A próxima Revolução
O marketing é um dos pilares de sucesso de qualquer empresa. Se uma empresa não tiver visibilidade Cecília Rebelo Consultora empresas na área de Marketing Marketing 5.0: A próxima Revolução O marketing é um dos pilares de sucesso de qualquer empresa. Se uma empresa não tiver visibilidade, não tem clientes, e sem clientes nenhuma empresa sobrevive. Mas há anos que se diz que o marketing morreu. Será verdade? A crise que o marketing atravessa resulta de vários fatores: alterações derivadas de enormes transformações tecnológicas, grandes avanços na acessibilidade a dados, e mudanças significativas nos comportamentos dos consumidores resultantes do uso de smartphones e social media. Estes tiveram implicações na eficácia de estratégias tradicionais. Por outro lado, os marketers têm tido dificuldade em demonstrar a relação entre os investimentos em marketing e os resultados para o negócio. E, por fim, há uma divergência entre os próprios marketers, alguns focando-se apenas na análise de dados e tecnologia mais recente, enquanto outros valorizam só os aspetos tradicionais do marketing, como o posicionamento da marca, a psicologia do consumidor e a criatividade. Estamos diante de um novo paradigma em que novas tecnologias como Inteligência Artificial (IA), realidade aumentada, conectividade 5G, Internet of Things, smart speakers (como Alexa), wearables (como smartwatches), e as blockchains vão transformar as nossas vidas ainda mais e elevar o impacto do marketing a novos níveis. A IA será o principal motor desta transformação, permitindo uma compreensão mais profunda dos consumidores e a personalização de ofertas de maneira ágil e precisa. A colaboração estreita entre equipas de marketing e informática é crucial nesse contexto. O uso da realidade aumentada, ainda numa fase embrionária, e de smart speakers, de uso mais disseminado, mostra-nos que criatividade visual já não chega. Hoje, concertos holográficos são uma realidade: existem tours holográficas 3-D de artistas falecidos! Para alguns tipos de produto, em especial em B2B, isto será um total game changer, permitindo demonstrações bastante poderosas e convincentes através da projeção holográfica. Com tantos dispositivos ligados à internet, desde frigoríficos a smartwatches, a quantidade de dados recolhidos sobre os hábitos e comportamentos dos consumidores é assombrosa, e a capacidade das empresas chegarem até aos clientes de novas formas também. Isto impulsiona a ligação entre o marketing e ciências como a economia comportamental, a neurociência, a psicologia e as ciências sensoriais: teremos que chegar aos consumidores de formas inovadoras e quase impercetíveis. Algumas empresas desenvolvem há anos programas de marketing multisensoriais para conseguir estimular vários sentidos e chegar ao cérebro primitivo, pois os consumidores tomam decisões de forma emocional e depois procuram racionalizar essa decisão para a justificar. A Mastercard e a Aston Martin, por exemplo, investiram na criação de uma identidade sonora, um equivalente à identidade visual a que estamos habituados. No caso da Mastercard foi criada uma melodia com várias versões, depois usada em vários pontos de contacto entre a marca e os consumidores, e não apenas em publicidade. Mas a Aston Martin levou a identidade sonora a novos níveis: foi desenvolvida durante décadas tendo no centro o ruído do motor e todos os barulhos do carro estão em harmonia com o mesmo: desde o clique das mudanças até ao sinal de apertar o cinto de segurança, nada foi deixado ao acaso. Nem todas as empresas podem investir nestes programas, mas cada empresa deverá compreender o papel holístico que o marketing terá cada vez mais. Isto representa novos desafios e novas responsabilidades para os marketers: definir a experiência do cliente em todos os aspetos e áreas da empresa, o que implica estender a sua influência para além do departamento de marketing, e usar novas tecnologias e a ligação a novas ciências para perceber o coração e a cabeça dos seus consumidores e aumentar o reconhecimento e fidelização à marca. Os últimos 5 anos trouxeram mais mudanças no marketing do que os anteriores 50. Os próximos 5 prometem ser ainda mais revolucionários e exigirão uma adaptação constante e uma compreensão cada vez mais profunda das novas dinâmicas entre tecnologia, comportamento do consumidor e estratégia de marketing. As empresas precisam marketers que compreendam todas estas mudanças e desenvolvam estratégias que assegurem o seu sucesso. Edição 2023
Liderança numa Escola Privada
Liderar implica apontar diariamente um conjunto de recursos numa determinada direção e esse exercício nasce de uma decisão que pondera Elisa Almeida Diretora geral e Presidente da direção pedagógica do Colégio CCG Liderança numa Escola Privada Liderar implica apontar diariamente um conjunto de recursos numa determinada direção e esse exercício nasce de uma decisão que pondera os interesses e as prioridades de quem lidera, mas também das que ativamente participam e se revêm num dado projeto. A liderança de um projeto de educação, sobretudo com enfoque na educação pré-escolar e básica, tem a vocação de contactar diretamente com os protagonistas do futuro. Este tipo de liderança parte de uma convicção enraizada de que os resultados do nosso trabalho florescem lentamente, mas rapidamente se tornam perenes. Aqueles que por opção escolhem uma escola privada acreditam que para além da qualidade que esperam usufruir desde logo no dia-a-dia, estão, essencialmente, a realizar um investimento no futuro dos filhos. Hoje o acesso à informação é mais fácil, pois qualquer um se torna autodidata, informando-se através da internet, das redes socias, da inteligência artificial… Assim, o primeiro contacto com a escola já não tem como principal motivação conhecer o projeto mas antes contactar com as pessoas que o corporizam, nomeadamente os seus líderes, pois é a partir daqui que se estabelece a confiança e se constrói a relação intrinsecamente humana que sustem a teia de afetos que envolve a relação diária daqueles que acolhem, cuidam, educam e ensinam crianças. Numa escola, como em qualquer outra empresa, mais do que gerir pessoas, é preciso liderá-las. É esta capacidade que o líder demonstra para influenciar os outros, para os aglutinar em torno de um projeto e em última instância para os inspirar a agir que impulsiona cada colaborador a ser capaz de se superar, de ter vontade de fazer parte da solução, de fazer bem até o resultado surgir. É com estes propósitos que a liderança de hoje deve contagiar as equipas que a rodeiam. Uma vez determinada a direção e as metas do caminho que pretendemos trilhar, liderar exige seguidamente persuasão. As pessoas têm de se rever nas nossas convicções. E, finalmente, a liderança radica numa relação de confiança – acreditar que o trabalho que desenvolvemos se norteia pelos valores certos, de tal modo que um líder é o seu último guardião. Que características tem de ter um líder para inspirar uns e outros e influenciar aqueles que gravitam à sua volta? Em primeiro lugar, é fundamental ser competente, estar verdadeiramente preparado, possuindo conhecimentos de vária ordem para ajudar os outros. Sem isso, a capacidade de marcar a diferença na vida das pessoas fica extremamente limitada. Concomitantemente, é preciso assumir uma postura de altruísmo neste propósito, pois é preciso fazê-lo num verdadeiro espírito de missão. Quando somos apaixonados por aquilo que fazemos, os nossos atos brotam naturalmente e deixamos de ser nós a escolher os clientes e os colaboradores. São eles que se inspiram em nós e são eles que nos desejam e que nos escolhem! Todavia, um líder não pode ter à sua volta apenas meros seguidores, é fulcral que estes o questionem e que até o possam obrigar a testar a solidez das suas ideias, porque não é obrigatório saber tudo, mas é imprescindível assumir a responsabilidade por tudo que acontece sob a nossa liderança. Um líder precisa também de ser humano e criar empatias, em qualquer um dos círculos que se mova. Precisa também de ser íntegro, ter palavra e corporizar um conjunto de valores que somados à genuína vontade de contribuir para um trabalho de excelência permite construir uma reputação. Mais do que em qualquer outra empresa, numa escola as pessoas são o maior ativo e a maior fonte de criação de valor. São elas que ajudam a concretizar visões em realidades e são elas que, estando envolvidas nas decisões e sentindo-se consideradas, vão cuidar do cliente, construindo relações sólidas com as famílias, base para a sustentação de qualquer projeto educativo. É, pois, vital cuidar da equipa, no seu conjunto e na sua individualidade, agregando a diversidade do ser e do estar de cada uma delas numa plataforma identitária em que cada um se reveja. Por isso, é preciso escolher criteriosamente as pessoas, mantê-las e fazê-las crescer. Um líder, com os colaboradores certos ao seu lado, será sempre capaz de construir soluções que lhe permitirão adaptar-se a qualquer desafio que surja. Edição 2023
Manter a ambição alta
Não é novidade que Portugal, assim como a generalidade dos países europeus, Inácio Fialho Almeida Presidente do CA da Espaço Municipal, gestora do TECMAIA Manter a ambição alta Não é novidade que Portugal, assim como a generalidade dos países europeus, atravessa uma era de escassez de talento. Para isto contribuem vários fatores, como o envelhecimento demográfico, a dificuldade no acesso à habitação e as condições remuneratórias bem mais atrativas em destinos asiáticos ou americanos. É verdade que a intensificação da realidade do trabalho remoto veio permitir que muitas empresas estrangeiras contratem em Portugal e, felizmente, não contribuem para os dados da emigração, mas, por outro lado, em face dos salários acima da média que oferecem acabam por criar uma concorrência que as empresas portuguesas têm dificuldade em acompanhar. Depois, temos o elefante na sala que é a Inteligência Artificial. Algo que tem tanto de apaixonante como de alarmante. Apaixonante porque estamos a vivenciar uma nova revolução na capacidade que temos em evoluir áreas como a Saúde e a Educação, mas alarmante porque tememos a perda do seu controlo e que venha a substituir, a grande velocidade, o Ser Humano, especialmente no mercado de trabalho. Contudo, e como o Fórum TECMAIA, o nosso think tank para os desafios do presente e do futuro, este ano assinalou, devemos esforçar-nos por entender a Inteligência Artificial como um parceiro. Veja-se como a Inteligência Artificial generativa tem ajudado a maximizar projetos e a acelerar procedimentos, por exemplo. No limite, e nesta fase, o importante é compreender que as empresas que não embarquem neste grande navio, estarão, quase de certeza, alguns passos atrás no seu mercado. De facto, hoje, praticamente, todas as empresas estão a investir nesta tecnologia, tornando os assistentes virtuais onipresentes. “Estamos no ponto agora em que essas interações baseadas em inteligência artificial são mais do que apenas um recurso – elas são os próprios produtos”, escreve Phil Gray, vice-presidente executivo de desenvolvimento de negócios da Interactions. Aos consumidores já não custa falar com ‘um robô’ quando o valor de produtividade e conveniência está presente.” Ou seja, pedir à Siri para procurar algo já não é a novidade dos Jetsons. Aliás, já são esperados assistentes ativados por voz. E por falar no Fórum TECMAIA, não posso deixar de referir o sucesso que foi mais uma edição, a segunda, da Academia TECMAIA. Um projeto que, relembre-se, pretende consciencializar os profissionais para temas críticos da gestão, do empreendedorismo e da negociação, tendo presente o interesse e urgência da digitalização e a defesa do ambiente. Este ano repetimos, essencialmente, o modelo do ano passado, mas concentramos apenas numa semana todas as sessões e convidamos novos mentores para assumirem os diferentes temas. Mas não quero que os estimados leitores entendam este texto como um repositório de preocupações. É sim, um desafio à necessária reflexão sobre alguns aspetos que, na gestão corrente das empresas ou na nossa vida familiar, temos de faze. E, por isso mesmo, importa deixar bem claro que temos o TECMAIA como um barómetro de que há bons motivos para continuarmos a trabalhar por um futuro melhor. Com isto quero dizer que o facto do nosso parque estar com a totalidade da sua área ainda disponível ocupada por empresas de média e alta tecnologia, mantém, também, uma insignificante taxa de rotação. Ou seja, as empresas que cá estão querem continuar connosco e aquelas que não estão ambicionam estar. Exemplo disso é que iniciamos o último trimestre do ano já com mais área procurada do que aquela com que encerramos 2022. Além do mais, e isso é comprovável pelo dossier de carreiras que pode ser encontrado no www.tecmaia.pt, as empresas residentes no parque continuam ativamente a atrair novo talento com mais de cem oportunidades, em média, disponíveis. Empresas essas que se destacam pelos índices de fidelização dos seus colaboradores com planos de carreira ambiciosos e ambientes de trabalho extremamente valorizados. É muito por isto que já em 2024 teremos no parque mais condições para aumentar o número da população residente, reforçando o TECMAIA como o maior parque de ciência e tecnologia do norte de Portugal e um dos maiores do país. Continuamos, assim, a cumprir o nosso propósito e a contribuir para uma comunidade preparada para todos os desafios. Edição 2023
O Mundo depois de amanhã
Como será? Seguramente diferente do mundo que conhecemos hoje, e muito diferente do que conhecíamos ontem. Carlos Mendes Presidente da Associação Empresarial da Maia O Mundo depois de amanhã Como será? Seguramente diferente do mundo que conhecemos hoje, e muito diferente do que conhecíamos ontem. A população mundial cresce numas regiões e envelhece noutras, trazendo o aumento de necessidades básicas ao nível de infraestruturas básicas, alimentação, energia, educação ou saúde. A sociedade transforma-se, mais informada e mais exigente do que nunca. Mas também mais heterogénea, pluricultural, multiétnica, fragmentada. O clima muda e os fenómenos climáticos extremos são cada vez mais frequentes e intensos, resultado de excessos que todos dizem querer combater, mas que poucos assumem. O mundo encolhe, aproximando pessoas que migram, umas por vontade, outras por necessidade, e dispersando empresas que se deslocalizam, gerando um tráfego nunca visto de pessoas e mercadorias. A inflação e as taxas de juro, o preço do petróleo e as matérias-primas, o crescimento ou a recessão de uns, tem impactos nos outros todos. Tudo depende de todos, em simultâneo e em permanência. A globalização arrasta, a cada dia que passa, a economia para um caminho onde só é possível seguir em frente, ser melhor, ser mais rápido, ser inovador. Produtos sem fim, e uma infinidade de serviços, privados e alguns públicos, contas bancárias e até cartão de cidadão estão dentro de um qualquer smartphone, acessíveis através de milhões de apps ou em plataformas eletrónicas. No trabalho, as reuniões acontecem via plataformas de comunicação empresarial, ligando pessoas, independentemente de onde se encontram e a formação faz-se à distância num canal de uma rede social. O teletrabalho é a realidade de muitas empresas e a conciliação entre trabalho e família é agora a prioridade dos trabalhadores. Neste ecossistema global, fervilham dados e mais dados que, depois de recolhidos, selecionados e processados em supercomputadores resultam em informação valiosíssima, geradora até de uma nova forma de Inteligência, a Artificial que tem demonstrando capacidades impressionantes em realizar tarefas especializadas, com precisão e eficiência crescente e cuja utilização levanta novas questões de privacidade, transparência e segurança, mas seguramente abre portas para um novo e irreversível salto tecnológico. Vivemos tempos de mudança acelerada, de incerteza e de instabilidade. Aos governos centrais e locais, compete tomar as providências necessárias à promoção do desenvolvimento económico-social e à satisfação das necessidades coletivas, destacando-se nos dias que correm, e no que às empresas diz respeito, criar as melhores condições de confiança e de previsibilidade na economia, libertando-as da asfixia fiscal e do emaranhado legal, estimulando muito as existentes e promovendo sempre a criação de novas. Às empresas competirá a função que sempre tiveram, e mais algumas. A de criarem riqueza, gerar emprego e produzir conhecimento. Mas fazê-lo com sustentabilidade, e cada vez mais com o enquadramento regulatório ESG (Enviromental, Social, Governance), priorizando a proteção do ambiente, defendendo um planeta saudável e capaz de gerar os recursos necessários para que a geração atual e futuras, possam viver com qualidade; a necessidade de se colocar a dignidade, o bem-estar e o desenvolvimento das pessoas no centro das estratégias; e a introdução de modelos organizacionais, com normas, processos e estruturas que possam garantir que estas atuam de forma ética, transparente e responsável. São tantas as urgências do presente, que falamos pouco sobre o amanhã, e menos sobre o dia depois de amanhã. Mas ignorar as mudanças será uma sentença, pelo que acompanhá-las é uma necessidade elementar. Mas o grande desafio das empresas será preparar e antecipar a mudança, na certeza e que está a acontecer e vai continuar a acontecer. Edição 2023
A Maiambiente para além da recolha…
A Maiambiente desempenha um papel fundamental na promoção da sustentabilidade do concelho da Maia Marta Peneda Presidente do Conselho de Administração da Maiambiente A Maiambiente para além da recolha… A Maiambiente desempenha um papel fundamental na promoção da sustentabilidade do concelho da Maia, consolidando ao longo dos anos uma trajectória mar cada por consideráveis conquistas e serviços em prol da comunidade e do ambiente que moldaram positivamente o panorama local. Como maiata e presidente da empresa, é com orgulho que assisto ao notável per curso da Maiambiente e aos elogios querecebe de entidades nacionais e estrangeiras, dentro e fora do sector. Aliás, na altura em que me sento para escrever este texto, não só tive conhecimento da publicação de uma entrevista à Presidente da ERSAR – Entidade Reguladora da Saúde Água e Resíduos, Vera Eiró, em que é mencionada a Maia, por duas vezes, como exemplo de sucesso na boa gestão dos resíduos, como também tive acesso aos números do último mês de Novembro, sobre a quantidade de material para reciclar recolhido pela Maiambiente, que foram os melhores de sempre. Este compromisso inabalável da Maiambiente com a sustentabilidade moldou não apenas os nossos desafios, mas também a maneira como sensibilizamos e interagimos com a comunidade sobre a importância vital da preservação do ambiente. Ao longo dos anos, a Maiambiente não apenas liderou, mas inovou. Projetos como o “Ecoponto em Casa”, “Restos de Comida Vão Ganhar uma Nova Vida”, “Serviço em Linha”, “Ecocentro Móvel”, “Há, mas São Verdes” e, mais recentemente, o “Recicle Mais, Pague Menos” tornaram-se exemplos paradigmáticos e pioneiros no país, no setor da gestão de resíduos. Convictos de que o sucesso da nossa missão se baseia no compromisso para com todos os maiatos, uma vez que procuramos envolver toda a comunidade em iniciativas de informação e sensibilização, acreditamos que é através da educação ambiental e do envolvimento activo que se promove uma mudança de mentalidades para um futuro mais sustentável. Expandindo a visão estratégica, iniciada nos anos 90 pelo município com a recolha seletiva porta-a-porta, a Maiambiente ampliou e enriqueceu os serviços em todo o concelho, tendo sido acrescentada, em 2018, a recolha de resíduos alimentares a clientes domésticos, complementando o serviço existente desde 2006 no canal HORECA (Hotéis, Restaurantes e Cafés). Paralelamente, a implementação de serviços a pedido para recolha de resíduos de jardim, objectos volumosos e equipamentos electrónicos reflecte o empenho da empresa em atender às necessidades específicas da comunidade. Além disso, e conscientes da nossa responsabilidade ambiental, temos vindo a investir numa frota mais sustentável, com a aquisição de veículos elétricos e movidos a gás natural comprimido e a apostar na implementação de ilhas de compostagem local em vários pontos do concelho. Na área da limpeza urbana ampliámos os quilómetros de arruamentos varridos e adoptámos alternativas à monda química, respeitando o equilíbrio ambiental e a saúde pública. Em 2022, tornámos a Maia no primeiro Município do país a aplicar uma tarifa indexada à produção de resíduos indiferenciados, com o projeto pioneiro “Recicle Mais, Pague Menos” (PAYT). Esta inovação baseia-se na recolha e comunicação de dados, a partir de identificadores eletrónicos acoplados aos contentores de resíduos, que permite à Maiambiente associar a informação do cliente aos registos da recolha efetuada, promovendo uma tarifa mais justa, que incentiva às práticas ambientalmente mais responsáveis. A procura pela inovação, aliada à sustentabilidade, faz da Maiambiente uma referência na recolha de resíduos, tanto a nível nacional quanto internacional e já lhe valeu o reconhecimento de várias entidades com a atribuição de vários prémios e selos de qualidade nos serviços. O mais recente Prémio KAIZEN, foi atribuído ao projeto pioneiro “Recicle Mais, Pague Menos”, na categoria de sustentabilidade. Todas as distinções atribuídas à Maiambiente, resultam inequivocamente do esforço contínuo e meritório de todos os colaboradores, parceiros e cidadãos maiatos a quem estamos gratos. Nesse sentido, e em jeito de balanço neste final do ano, vislumbro um futuro promissor para uma empresa que sempre demonstrou ser um agente de mudança positiva, liderando iniciativas que transcendem as fronteiras da recolha de resíduos para abraçar uma abordagem integral da sustentabilidade. As suas conquistas e serviços continuarão a moldar e a afirmar o concelho da Maia, constituindo um modelo exemplar e inspirador para outras comunidades na construção de um futuro mais limpo e mais sustentável. Edição 2023
Tempos de mudança e de novas oportunidades
A realidade dos dias de hoje tem tanto de desafiante como de imprevisível. Paulo Ramalho Vereador Competitividade Económica, Relações Internac. e Turismo CM Maia Tempos de mudança e de novas oportunidades A realidade dos dias de hoje tem tanto de desafiante como de imprevisível. Quase tudo acontece a velocidade elevada, sem muito tempo para refletir e desfrutar. O tempo destinado à novidade e ao sucesso é bem mais curto. Da mesma forma, que o imprevisto está cada vez mais “ali, ao virar da esquina”. São tempos de grande volatilidade, de mudança. Os próprios ciclos económicos, associados a uma certa incerteza, são cada vez mais curtos e voláteis, mesmo dentro de espaços como o da União Europeia. Veja-se o que se passa com a inflação e com as taxas de juro nos últimos meses, e as consequências que estão a provocar. Vivemos na época da revolução digital, da afirmação do algoritmo, e da informação em tempo real. Mas também do território global e da normalização da interdependência. Tudo parece mais próximo e à distância de um clique. O que não significa que mais informação seja sempre sinónimo de mais conhecimento ou de melhor conhecimento. Aliás, distinguir o verdadeiro do falso e o que interessa do que não tem interesse, é também frequentemente um desafio. Planear é cada vez mais uma tarefa difícil, mas essencial. Da mesma forma que inovar, procurar novas soluções, faz frequentemente a diferença. Não é por acaso que as empresas que mais se destacam nos mercados são aquelas que mais investem em investigação e desenvolvimento. Sendo que por vezes temos a sensação de que estamos a viver uma realidade que já observamos algures no passado, num qualquer filme de ficção científica, produzido por um profeta dos tempos modernos. Há 30 anos, os telemóveis não eram mais do que simples telefones móveis, que apenas alguns utilizavam. Hoje, os telemóveis são pequenos computadores, com câmaras fotográficas de alta-definição incorporadas, que nos acompanham a toda a hora, como se fossem algo de absolutamente indispensáveis no “dia a dia” da nossa vida. E não tenhamos dúvidas, que não passarão muitos anos, até que a inteligência artificial e a robótica acrescentem novas e profundas alterações ao nosso modo de vida e no nosso ecossistema… Mas também não deixa de ser verdade, que de um momento para o outro, também somos surpreendidos com realidades que julgávamos do passado. Se uma guerra na Europa era algo que nesta altura nos parecia de escassa probabilidade, uma guerra com as características daquela que estamos a assistir hoje no território ucraniano, com soldados escondidos em trincheiras e carros de combate a avançarem pela conquista de território, era algo que só admitíamos assistir no “Canal História”. Eram coisas da primeira e da segunda guerra mundial. A indústria europeia de armamento voltou a receber “incentivos” e investimentos. A necessidade de aumentar a produção de munições para abastecer a Ucrânia assim está a obrigar. Ainda recentemente, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, admitiu que 11 dos 31 Estados Aliados possivelmente iriam alcançar ou ultrapassar a meta dos 2% do PIB em despesa militar. O Diário de Notícias, não há muitos meses, noticiava que o Japão e a Alemanha, em resposta à China e à Federação Russa, estavam a “reverter décadas de políticas de secundarização das forças de segurança e de defesa, motivadas pelo expansionismo que desembocou na Segunda Guerra”. Um outro desafio destes dias, prende-se com o próprio futuro da humanidade, com a necessidade de combater as alterações climáticas, que estão a provocar períodos de seca, incêndios florestais, mas também inundações, e cuja principal causa assenta na emissão de gases de efeito estufa, responsáveis, por sua vez, pelo aumento da temperatura média do nosso planeta. A década de 2011 a 2020 foi a mais quente alguma vez registada, tendo a temperatura média mundial atingido em 2019, 1,1º C acima dos níveis pré-industriais. Para tal, são precisas medidas que visem reduzir, e até eliminar, a utilização de combustíveis fosseis, como o carvão, o petróleo e o gás. Em dezembro de 2019, a União Europeia lançou um conjunto de medidas, que concretizam o denominado “Pacto Ecológico Europeu”, que visam atingir a neutralidade climática nos seus Estados-membros até 2050. Entretanto, no passado dia 13 de dezembro de 2023, no âmbito da Cimeira das Nações Unidas (COP 28), realizada no Dubai, foi alcançado um acordo para acelerar, em todo o território mundial, a redução de emissão de gases de efeito estufa e garantir zero emissões líquidas até 2050. Foi também alcançado um acordo de transição para o abandono dos combustíveis fósseis e uma redução de 43% das emissões mundiais até 2030. Os principais líderes mundiais comprometeram-se ainda a triplicar a capacidade instalada de energias renováveis e a duplicar a taxa de melhoria da eficiência. A revolução digital e a transição energética são, assim, processos em curso, verdadeiros desafios dos nossos e dos próximos tempos, que vão seguramente gerar grandes mudanças, mas também oferecer novas oportunidades. Edição 2023
Quanto vale o ensino superior para o concelho da Maia?
A placa da paragem terminal do Metro ainda indica ISMAI, o nome original do que hoje é a Universidade da Maia e do seu irmão mais novo, José Ferreira Gomes Reitor da Universidade da Maia Quanto vale o ensino superior para o concelho da Maia? A placa da paragem terminal do Metro ainda indica ISMAI, o nome original do que hoje é a Universidade da Maia e do seu irmão mais novo, o Instituto Politécnico da Maia. Desde as suas origens em 1990, estas instituições de ensino superior receberam já 46 143 estudantes que aqui frequentam ou frequentaram cursos TeSP, Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos. O principal produto das instituições de ensino superior são os seus diplomados e o conhecimento, competências e atitudes que eles adquirem no seu percurso educativo e levam para as empresas (e outras organizações) onde vão criar valor. A maioria destes estudantes reside na Maia e nos concelhos vizinhos e muitos ficarão nesta mesma região, contribuindo para o grande dinamismo económico que lhe é reconhecido. Este centro universitário da Maia é hoje o maior polo privado de ensino superior fora de Lisboa, o que traduz a confiança depositada pela sociedade e pela região nestas suas instituições de ensino superior. Estas duas instituições oferecem hoje 33 cursos universitários e 25 cursos politécnicos, com um total de 5204 estudantes. A oferta educativa é muito diversa, mas três áreas têm um papel dominante: o desporto, a psicologia e as novas tecnologias. É feito um grande esforço para aliar uma formação académica sólida a uma proximidade às empresas e às outras organizações onde os diplomados irão trabalhar. É esta dupla preocupação que explica a alta empregabilidade e a satisfação das entidades onde os diplomados desenvolvem a sua carreira profissional. Tem sido estratégia deste centro universitário da Maia desenvolver uma oferta educativa relevante para as empresas e para a sociedade. É hoje reconhecido que aqueles domínios disciplinares irão crescer, apesar da inteligência artificial poder ”destruir” algum emprego tradicional. É muito discutido o valor do ensino superior para a sua região de implantação. Há diversas métricas e as estimativas variam muito, porque a pergunta está mal definida. À falta de melhor medida, o impacto do ensino superior no PIB da região costuma ser medido pela sua despesa agregada somada à despesa privada dos estudantes. Para uma instituição de ensino superior estatal teremos de somar os subsídios públicos para o ensino e a investigação com as propinas pagas pelos estudantes e as suas despesas pessoais. Para as instituições privadas, o cálculo é semelhante, mas sem subsídio estatal para o ensino. É claro que não há garantia de que toda a despesa feita pela instituição fique na região, porque não existe uma fronteira económica impermeável. Os economistas utilizam uma estimativa da despesa local e um multiplicador desta despesa para calcular o impacto no PIB. Embora este possa ser um efeito importante, não é o único. Frequentemente, argumenta-se que a atividade de investigação académica levará à criação de conhecimento que é transferido para empresas e organizações da região. Muitos estudos internacionais mostram que este canal de impacto regional de uma instituição de ensino superior tem de ser visto com muita prudência. Estudos detalhados feitos para as universidades norte-americanas mostram que só para as maiores e mais avançadas universidades se pode identificar um conjunto de empresas que vêm instalar-se na sua vizinhança para beneficiar das interações. É o caso da região norte da costa leste com algumas das melhores universidades e com um fortíssimo ambiente empresarial. Mesmo para essas grandes universidades, as receitas da comercialização de patentes e outra propriedade intelectual nunca vai além de cerca de 5% da sua despesa em investigação. Para universidades mais pequenas e mais generalistas, este efeito regional direto parece ser muito diminuto. O impacto do ensino superior advém dos seus graduados e é tanto maior quanto mais sintonizados eles estiverem com a realidade do tecido económico regional. É esta a razão da busca permanente de interações entre aquele ensino e as organizações regionais, por duas vias principais – os docentes e os estudantes. Muitos profissionais da região são regularmente convidados como docentes em tempo parcial trazendo a sua experiência e os seus problemas para as salas de aula, assim aproximando os estudantes da sua realidade profissional. Finalmente, os estudantes finalistas em estágio curricular têm oportunidade de levar o seu conhecimento e mostrar às empresas o que lhes podem levar em modernização e criação de valor. Uma interação que se tem mostrado de grande sucesso. Edição 2023
Continuaremos a fazer caminho com as PME
O tecido empresarial das regiões Norte e Centro transfigurou-se nas últimas duas décadas. Henrique Cruz Presidente da Comissão Executiva da Norgarante Continuaremos a fazer caminho com as PME O tecido empresarial das regiões Norte e Centro transfigurou-se nas últimas duas décadas. A transformação ocorrida traduziu-se em ganhos apreciáveis, a vários níveis, e teve impactos positivos na resposta das empresas a novos desafios, como a pandemia, assim como na vida dos seus trabalhadores e no desenvolvimento dos territórios onde operam. Se compararmos os indicadores económicos que as duas regiões apresentavam em 2002 e no final do ano passado, ficamos com a noção do enorme salto em frente que ambas deram. E encontramos explicações para o facto de serem responsáveis, não por acaso, por mais de metade das exportações nacionais – foram, aliás, decisivas para que, em 2022, as vendas de bens e serviços do País ao exterior tivessem ultrapassado, pela primeira vez, os 50% do PIB, atingindo os 120 mil milhões de euros. Os ganhos em eficiência e competitividade de muitas das mais de 700 mil micro, pequenas e médias empresas (PME) que quase monopolizam a paisagem empresarial das duas regiões ficam a dever-se, em primeira linha, aos seus líderes e às respetivas equipas de gestão. Mas também, como os próprios agentes económicos reconhecem, ao acesso a fontes e condições de financiamento ajustadas a um contexto de maior exigência competitiva. Com isso, muitas dessas PME – designadamente, da indústria transformadora que pontua nos distritos de Porto, Braga e Aveiro – conseguiram entrosar-se nos mercados globais, iniciaram ou consolidaram os respetivos processos de internacionalização e integraram-se nas grandes cadeias de valor do comércio mundial. Foi assim que milhares de empresas do Norte e Centro de Portugal puderam potenciar investimentos, reduzindo risco e custos financeiros, candidatando-se a fundos europeus com uma tesouraria mais saudável. Mas, para além de conquistas endógenas, os investimentos que as PME dos distritos de Aveiro, Braga, Bragança, Guarda, Porto, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu fizeram nas últimas duas décadas repercutiram-se, igualmente, na melhoria das qualificações da mão-de-obra disponível à escala regional, em especial nos territórios de maior concentração industrial; na aproximação virtuosa da indústria com tradição das duas regiões (metalurgia e metalomecânica, têxtil, calçado, mobiliário e colchoaria, moldes, etc.) às universidades e aos centros de produção de conhecimento em geral; e no reforço da atratividade de muitos territórios, tanto para investir como para viver. E é aqui que entra a Garantia Mútua! É esta a missão da Norgarante, que tem sido e continuará a ser um parceiro de primeira linha das PME das regiões Norte e Centro, alavancando os seus investimentos e concorrendo para a melhoria das suas tesourarias, em articulação com o Banco Português de Fomento, o IAPMEI, o Turismo de Portugal, as Associações Empresariais e os Bancos Comerciais. Porque se no salto à vara é fundamental o fator impulso para a projeção do atleta, na economia real é crucial o acesso a financiamento para se investir na sustentabilidade e crescimento das empresas nas melhores condições, sobretudo numa conjuntura internacional pouco favorável. O nosso passado fala por nós. Em mais de 21 anos de operação, apoiámos quase 65 mil empresas e um volume de emprego superior a 918 mil pessoas. São números que evidenciam a proximidade e o espírito de parceria com as micro e PME com que temos atuado. E que ganham uma expressão ainda mais exuberante se olharmos para o que temos feito pelo crescimento e modernização das empresas, a nossa principal razão de ser. Na verdade, desde a sua criação, em 2002, e até outubro último, a Norgarante prestou quase 11 mil milhões de euros de garantias, com isso viabilizando financiamentos da ordem dos 19 mil milhões de euros e um volume de investimento superior a 20 mil milhões de euros. É por isso que, mesmo em tempo de mudanças, é com confiança que encaramos o futuro. Com as PME do Norte de Centro de Portugal, continuaremos a fazer caminho.
Promover a inovação: o caminho para criar mais valor
A inovação é um dos principais motores do crescimento económico, ao permitir alcançar novos mercados e com maior valor acrescentado, Paulo Vaz Vice-presidente executivo da AEP Promover a inovação: o caminho para criar mais valor A inovação é um dos principais motores do crescimento económico, ao permitir alcançar novos mercados e com maior valor acrescentado, como resultado do aproveitamento e da incorporação de conhecimento, por parte das empresas, em novos produtos e serviços, em novas tecnologias, em novos processos produtivos ou em novas formas organizacionais. E para as empresas conseguirem inovar é necessário que tenham acesso ao conhecimento e sejam capazes de o desenvolver e aplicar, o que requer a existência de quadros superiores altamente qualificados, capacidade de investimento, bem como de instituições de interface entre as empresas e os meios académicos, que dispõem de capacidade de diálogo e de análise suficiente para ajudar as empresas na identificação e diagnóstico das suas necessidades, bem como na ajuda na transferência do conhecimento / tecnologia e na sua incorporação nas empresas. A AEP tem vindo a desenvolver projetos nestas áreas de apoio às empresas durante as últimas décadas, estando nos últimos anos diretamente envolvida em projetos com parceiros empresariais e académicos, visando o apoio da transferência do conhecimento para as empresas, com especial destaque para a sua participação na EEN – Enterprise Europe Network. A EEN é a maior rede do mundo de apoio às PME e startups com ambições internacionais. Criada pela Comissão Europeia, a rede conta atualmente com mais de 500 entidades parceiras em mais de 60 países, reunindo cerca de três mil especialistas locais. O principal objetivo da EEN-Portugal é ajudar as empresas portuguesas, particularmente as pequenas e médias empresas e startups, a tornarem-se mais inovadoras e competitivas em mercados internacionais, disponibilizando-lhes informação estratégica e serviços de apoio. Esta iniciativa, da qual a AEP participa desde 2015, tem-se revelado um parceiro muito relevante para as empresas portuguesas, especialmente porque confiam na qualidade dos desafios que a AEP lhes propõe. Graças ao trabalho de proximidade diferenciada da Enterprise Europe Network, ao conhecer bem as empresas portuguesas, a EEN pode oferecer oportunidades que atendam às suas necessidades e, mais importante, ao seu potencial. Quero também sublinhar a EURES Transfronteiriço Norte de Portugal-Galicia, uma rede criada pela Comissão Europeia, com representantes em todos e cada um dos Estados membros, a fim de prestar serviços de informação, aconselhamento e colocação destinados aos trabalhadores e aos empresários, sobre o mercado de trabalho no Espaço Económico Europeu. Dentro da Rede EURES encontra-se o serviço EURES Transfronteiriço, do qual a AEP é entidade parceira, que tem como objetivo promover a mobilidade transfronteiriça de trabalhadores e empresários na Eurorregião Norte de Portugal-Galicia (NP-G), convertendo esta área geográfica num mercado único de emprego. Atualmente, através do EURES Transfronteiriço, são divulgadas ofertas de emprego na Euroregião, disponibilizadas informações, não só sobre os trâmites a realizar na contratação transfronteiriça, mas também sobre legislação dos dois países em matéria laboral, fiscal e social aplicada à mobilidade transfronteiriça e são dadas a conhecer oportunidades de formação e estágios transfronteiriços. A AEP está também envolvida no desejável e necessário processo de transição do modelo de economia linear para o modelo circular. Um bom exemplo é o Projeto “Azores EcoBlue”, que explora os conceitos do Eco-design, da Economia Circular e Azul, assente no paradigma Upcycling & Recycling, com uma forte componente de inovação aplicada ao desenvolvimento de novos subprodutos e de matérias-primas, a partir de resíduos sólidos persistentes, fabricados e abandonados no meio marinho e costeiro, atualmente nada valorizados. Fruto da recolha de resíduos e desperdícios da atividade piscatória, da sua caracterização, quantificação e processamento, têm sido feitos estudos científicos, com o intuito de desenvolver fios e fibras que possam ser transformados e utilizados como matéria-prima para produção de tecidos para o segmento casa e hotelaria e mantas de isolamento para utilização no sector da construção civil. O projeto visa também criar um modelo protótipo de uma Eco cabana, que se pretende seja replicável à escala global, em locais onde o lixo marinho seja uma realidade. Na área da economia azul, ainda pouco explorada, face ao potencial que o nosso país revela, assinalo o “Blue Project”, que explora o conceito de economia azul através da transformação do excedente do peixe ‘Sarrajão’ em novos subprodutos têxteis e de consumo, aproveitando os recursos marinhos disponíveis na Costa Atlântica Norte de Portugal para aumentar a criação de valor, o crescimento sustentável da economia azul, a investigação científica e ainda a literacia na Economia Azul, visando também criar uma unidade de processamento de peixe fresco para a comercialização de filetes de ‘Sarrajão’ em cantinas escolares, colaborar com entidades de I&D e aproveitar o desperdício alimentar (de peixe) para criar novos materiais têxteis e outros subprodutos alimentares. Finalmente, outro excelente exemplo, o BID4TENDERS, um projeto que tem como objetivo apoiar e capacitar as empresas para o Public Procurement, como meio de acesso a novos negócios, novos mercados e maior inovação, respondendo às lacunas detetadas através de uma sólida plataforma digital de cooperação transfronteiriça como base numa agenda inovadora de capacitação e qualificação de fileiras, PME e gestores. Creio que todos estes exemplos são ilustrativos do empenho da AEP em contribuir para uma trajetória de crescimento e desenvolvimento económico forte, sustentado e sustentável. Este é o mote que move a AEP há quase 175 anos. Edição 2023